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Agir: «Sou insatisfeito por natureza»
Agir diz gostar de muitos estilos, e trabalha com muita gente. Em 2015, o músico e produtor concentra o que anda a ouvir e dá-lhe a sua identidade num novo disco. Foi sobre isso que falámos, mas também do concerto que chega ainda antes do final do ano, da relação com os fãs e com a Internet. Got it?
MYWAY: Estás a preparar um novo álbum, que vais lançar no início do próximo ano, mas em Março passado lançaste uma mixtape. Foi uma antevisão do que aí vem?
Agir: Acaba sempre por ser, não é? Isto é um trabalho contínuo, a nível de estratégia. Como gosto de uma data de estilos, andei sempre a saltitar. Já fiz reggae, já fiz hip-hop, já fiz RnB, já fiz soul, e a partir da mixtape para a frente, é onde me sinto mais coeso. Este álbum tem muito a ver com a mixtape, e é onde eu estou mais a definir o estilo, e aquilo que sou.
MYWAY: Que estilo é esse?
Agir: É um estilo muito RnB, tem um bocado de hip-hop, trap, que é actual, mas vai ter muitas baladas também, porque eu sou muito baladeiro, tenho um lado romântico, também.
MYWAY: Tens vários convidados na mixtape, e tens trabalhado com várias pessoas, desde o Dengaz, à Carolina Deslandes, com quem estás a trabalhar agora. Para além de gostares de vários estilos, trabalhas com pessoas de vários estilos. Isso ajuda-te a definir quem és musicalmente, ou traz mais confusão?
Agir: Nem uma coisa nem outra. Foi a solução que eu arranjei. Como gosto de fazer tanta coisa, se calhar melhor forma de continuar a fazer uma data de coisas, é que depois aquilo que não tem a ver – musicalmente falando – com aquilo que estou a fazer enquanto Agir, ofereço a outras pessoas. Isso permite-me trabalhar com toda a gente. Se eu quiser ajudar uma banda de amigos meus a fazer um disco de Heavy Metal, posso, porque não tem nada a ver com a minha carreira, se é que se pode dizer. Foi a solução que arranjei. Assim posso fazer tudo à mesma, não posso é fazer para mim (risos).
MYWAY: Consegues pôr a tua identidade nesses trabalhos, ou adaptas-te?
Agir: Acho que é inevitável. Qualquer pessoa, mesmo que esteja a fazer uma coisa que não tem tanto a ver com ela, à partida, pelo menos quem está mais dentro daquilo que eu faço vai sempre notar ali qualquer coisa. É normal, eu gosto, e ainda bem. Às vezes não é de propósito, mas acaba por acontecer.
MYWAY: Porque é que decidiste, então, dedicar-te ao hip-hop e ao RnB, nesta fase?
Agir: Tem a ver com aquilo que oiço. Eu sempre ouvi muita coisa, mas há umas que arrepiam cá dentro, e há outras que não. Eu sou suspeito, mas tudo o que eu tenho feito ultimamente, é aquilo que me faz realmente viver. Agora, eu sou insatisfeito por natureza, não sei como é que vai ser daqui a três anos. Pelo menos agora tenho um pensamento que dantes não tinha. Eu comecei a fazer música muito cedo, com 12, 13 anos, e ninguém com essa idade pensa numa estratégia, faz por instinto. Só agora com 26 anos é que eu penso: «se calhar não vou lançar já, deixa ver como é que eu lanço». É se calhar um lado mais crescido, que também se há-de reflectir na música.
Comecei a fazer o álbum no mês passado. Por isso, no espaço de dois ou três meses vou fazer as músicas todas, porque quando me põem assim uma data sai-me tudo. Eu funciono bem sob pressão.
MYWAY: Dizes que és insatisfeito por natureza, e ouves e gostas de muita coisa. Como é que decides, então, que é altura de lançar?
Agir: Para mim, a melhor forma de trabalhar é sob pressão. Ou seja, eu já estou a falar que vou fazer um álbum há uma data de tempo. Fiz a mixtape e já havia ali um som ou dois que poderiam ser para o álbum, mas depois, a malta que trabalha comigo disse: ‘olha, era giro ser no primeiro trimestre do ano que vem’, e eu comecei a fazer o álbum no mês passado. Por isso, no espaço de dois ou três meses vou fazer as músicas todas, porque quando me põem assim uma data sai-me tudo. Eu funciono bem sob pressão.
MYWAY: Tens mostrado alguns teasers aos teus fãs. Falaste sobre o álbum, e mostraste um bocadinho de algumas músicas. É importante para ti ires mantendo as pessoas que te seguem actualizadas?
Agir: É importante para mim, e acho que cada vez mais as pessoas que são de uma geração mais antiga, têm de começar a adaptar-se a isso. Dantes havia muito aquela coisa de que era bom, o artista não ter o mínimo contacto com os fãs, de ser aquela criatura intocável, ‘ele nem deve ir ir ao supermercado, nem deve jantar, nem comer, não é um ser humano’. Hoje em dia é ao contrário. Principalmente para o meu target, que é malta mais nova. As pessoas gostam de saber o que é que eu faço, gostam de perceber que eu faço coisas exactamente como eles também fazem…daí haver também esse contacto com eles, para eles perceberem que isto não é um bicho-de-sete-cabeças, nem é nada do outro mundo. É também uma forma de eu perceber se eles gostam ou não gostam, às vezes pode ajudar-me a decidir qual será o próximo single. Uma coisa que ainda não posso garantir, mas que gostava de fazer, era uma sessão de streaming e mostrar um minuto de todas as músicas, e através dos comentários perceber quais é que têm mais adesão, ou não…é bom ter essa relação com eles.
MYWAY: Foi também por isso que ofereceste a mixtape?
Agir: Sim! Eu disse na altura que andava a promover a mixtape, na altura interessava-me era que 10 mil pessoas ouvissem, do que 100 comprassem. Eu vou lançar este disco agora, mas não vou deixar de ter esse lado da Net, de dar músicas à borla, isso não vou deixar de fazer.
Fico muito frustrado quando estou a cantar e as pessoas não estão aos saltos
MYWAY: Tu deste alguns concertos este Verão, estiveste ocupado, a estrada também te inspira?
Agir: É ali que se percebe o que resulta e o que é que não resulta. Se bem que, pronto, há músicas que resultam melhor para as pessoas estarem em casa a ouvir, e outras são mais músicas de ‘live’, mas ali é que percebes se as pessoas gostaram ou não. Eu tenho tido a sorte de ter as primeiras filas com malta que me segue e que me adora em todo o lado, mas é curioso que as filas de trás ouvem as músicas, e à segunda vez que canto o refrão já estão a cantar connosco. Eu penso um bocado nisso, tento fazer músicas…não sei se posso dizer ‘catchy’, mas não me posso esquecer que as pessoas não são cantores, nem são músicos. Posso pôr-me ali a inventar, e a fazer mil escalas, que as pessoas vão decorar é o «oh-oh» do refrão. Tento ter algum cuidado com isso, e perceber que as músicas quando saem não são só minhas, passam a ser das outras pessoas também. Tenho de pensar um bocado nelas, e a verdade é que tem resultado, as pessoas cantam as músicas do início ao fim, e é sempre gratificante.
MYWAY: Consegues controlar isso no processo criativo?
Agir: Eu tento, lá está, é sempre um meio-termo. Não posso só pensar nisso, tenho de ter algum cuidado, mas obviamente que penso sempre. Eu fico muito frustrado quando estou a cantar e as pessoas não estão aos saltos, e a malta que trabalha comigo às vezes diz-me: ‘há músicas que não são para estar aos saltos, as pessoas estão a gostar, mas estão a olhar e a ver o que é que estás a fazer’, e eu penso: ‘não, se estão quietas é porque está a ser uma seca’! Então, eu tenho sempre este pensamento: mesmo que seja balada, as pessoas têm de estar a cantar comigo, porque se não cantarem comigo eu penso sempre – às vezes não é caso – que se calhar não estão a gostar. Não me sinto confortável.
MYWAY: Vais tocar no Armazém F a 18 de Dezembro, vais apresentar músicas novas?
Agir: Vai ser…eu não gosto de chamar tour, porque é um bocado errado chamar tour em Portugal, mas vai ser um concerto de final de tour, e de preparação para o ano que vem. Portanto, obviamente que vou ter duas, três músicas novas. Até porque, ainda não posso dizer qual, mas uma das músicas que vai sair no álbum vai ser o single de antevisão, e vai sair antes do concerto, portanto já vou cantar essa, e espero que algumas pessoas já a consigam cantar comigo também. Não todas, não posso revelar tudo, mas vou.
MYWAY: Vais ter convidados no concerto como vais ter no álbum?
Agir: Vou ter convidados. A malta pergunta sempre quem são, mas acho que se as pessoas puxarem um bocadinho pela cabeça, e seguirem as minhas coisas, sabem perfeitamente quem é que vou ter, não preciso de estar a dizer. Mais do que cantores e convidados, são meus amigos. Claro que vão haver um ou dois que são realmente surpresas, porque nunca cantaram ao vivo comigo, mas depois obviamente vão estar os meus amigos, que as pessoas sabem quem são.
Agir actua no Armazém F. no dia 18 de Dezembro, às 22 horas. Os bilhetes estão à venda ao preço de 8 euros.
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