Ana Free: «Queria “piscar o olho” ao mundo latino»

Ana Free, a cantora portuguesa que alcançou o estrelato com os seus vídeos no YouTube e em 2008 com o conhecido single «In My Place», está de volta a Portugal para uma visita especial. Depois de dois anos a viver em Los Angeles e a trabalhar em novos projetos, Ana Free irá lançar um novo EP depois do Verão: “The Weight Of The Soul”. “Say It To Me”, o seu novo single, vai ser lançado neste mês de Junho e conta com a colaboração especial de Debi Nova, cantora nomeada para um Grammy Latino. Conversámos com Ana Free para ficar a par das novidades.

MYWAY: Porquê o nome «The Weight Of The Soul» para o novo EP? No que é que este trabalho se diferencia dos anteriores?

«The Weight Of The Soul» foi um nome que me surgiu quando estava à procura de como entrelaçar os temas do discos, porque o «Together», o primeiro disco, foi feito à base de uma campanha de crowdfunding. Senti que queria incluir o título do primeiro álbum e toda essa viagem dos fãs estarem também a contribuir ao disco e senti como também uma responsabilidade de refletir isso, «Together» foi uma opção que surgiu também por causa desse facto. O primeiro disco foi no âmbito muito pop e neste disco já voltei muito às raízes da guitarra, às minhas raízes folk e blues e há muito mais esse sabor no disco. Queria encontrar um nome que refletisse as emoções que também tive durante o período em que escrevi o álbum, depois da transição para L.A.. Senti que as minhas emoções vêm da minha alma e cada música, se as pudesses pesar, tudo junto seria o peso da alma portanto pensei que «The Weight Of The Soul» podia ser como uma forma bonita de dar nome a esta coleção de emoções, de músicas. Pareceu-me bonito, pareceu-me poético e acho que é uma boa reflexão daquilo que é o disco.

MYWAY: Como surgiu a colaboração com a Debi Nova?

Eu sempre fui muito fã do primeiro disco dela e de todo o reportório dela já há muitos anos e quando me mudei para L.A. sabia que ela estava lá a viver e decidi que queria escrever com ela e ver se podíamos criar umas coisas especiais, uma música… Fomos falando e entrei em contacto com ela. Por acaso a primeira música que escrevemos foi uma balada, que não está no disco mas é uma música que também gosto muito. Na altura da «Say It To Me» tivemos uma sessão de songwriting, realmente eu queria escrever um tema para o disco e acabámos por fazer esta música. Escrevemos no piano e já na minha cabeça estava a pensar que gostava muito que a Debi participasse no disco. Ela escreveu uma parte em castelhano, que só surgiu depois. Por acaso não sei sequer se escrevemos um segundo verso, eu acho que escrevemos o primeiro verso, o refrão, depois deixámos o resto e a música já estava meio feita. Terminámos a música na altura em que eu decidi convidar a Debi para fazer parte do disco. Queria «piscar o olho» ao mundo latino porque também tem a ver com as nossas raízes e achei bonito incluir uma artista diferente no disco. Convidei a Debi, ela disse que sim, escrevemos o segundo verso em castelhano, eu escrevi o rap do bridge e foi uma ideia diferente.

MYWAY: Sentiste-te confortável a escrever a parte em rap? É diferente do que estamos habituados a ouvir de ti.

Eu adoro os desafios, é diferente, marca uma diferença na música como um território que ainda não explorei e isso é o objetivo de um disco novo: esforço e desafio. Por isso é que eu convidei a Debi também porque no primeiro disco não tinha nenhum dueto e achei bonito desafiar-me dessa forma.

MYWAY: Fala-nos da experiência da gravação do videoclip. O que é que a história conta e o que é que pretendias transmitir?

A música em si é uma música muito leve, tem muito a ver com o Verão. É uma música sobre conhecer outra pessoa e aqueles momentos da brincadeira, do «jogo». No vídeo basicamente sou só eu e a Debi a cantar, tem assim uma coisa muito vintage também na capa do single. Para o videoclip aluguei um carro clássico de 1969: é vermelho e sobressai contra o cenário da praia. O vídeo está giro e a história é a de nós as duas a caminho da praia, o carro “dá o berro”, eu vou lá e vejo por debaixo da capota que está tudo mal, entro no carro para pôr a rádio e aí começa a música. Aí começamos a tocar e torna-se uma festa de dois minutos e meio, onde estamos a cantar e até há uma parte em que estamos a dançar. Tem muito movimento, muito sorriso, a Debi é muito linda portanto convinha tê-la no videoclip e também queria que ela fizesse parte disto de uma forma mais principal. O videoclip é muito simples, é alegre, é o que eu queria. Quero que seja uma reflexão da música.

MYWAY: Quais são as tuas influências musicais mais recentes? O que é que andas a ouvir?

Ando a ouvir OneRepublic e tenho ouvido muitas referências deste disco… Shawn Mendes, que é um artista meio parecido ao Ed Sheeran, tenho ouvido muito o álbum dele. Tove Lo, Taylor Swift… Ouço música por outro lado, não só pela melodia mas também pelos métodos de songwriting, essas partes interessam-me enquanto autora. Em termos de ouvir música só por ouvir, ouço um bocadinho de tudo. As minhas influências são as mesmas: soul, pop até r&b e house.

MYWAY: Quais são os teus próximos planos após o lançamento do EP «The Weight Of the Soul»?

O EP «The Weight Of the Soul» tem realmente ocupado muito a minha cabeça, estou muito focada neste projeto mas eu espero levar o projeto à estrada, ir em tournée; ter a agenda cheia de concertos em Portugal… Quero lançar o disco nos Estados Unidos e perseguir oportunidades por lá e ver no que é que dá, aproveitar este disco porque se eu agora saltar para outro projeto grande não vou ter tempo para fazer nada com este projeto, que é muito especial para mim. Quero lançar este disco bem e quero trabalhar nele com muito esforço.

MYWAY: Se pudesses trazer algo de L.A. para cá, o que seria?

Este ventinho dispensava (risos). Em L.A. não há vento, é muito raro. Acho que simplesmente escolhia a boa-onda, talvez a alegria das pessoas… Por L.A. é sempre bonito ver as pessoas a fazer os seus dias pelas ruas ou pela praia, gosto muito dessa sensação de descontração. Para mim, às vezes quando volto a Portugal vejo as pessoas assim um bocado tristes… Tem sido um tempo difícil para nós e talvez trazia alguma alegria de lá, um bocadinho menos de vento e um bocado mais de motivação.

Fotografia por Kelly Lee