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Orelha Negra no CCB – Reportagem

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Orelha Negra no CCB – Reportagem

E os Orelha Negra estão de regresso aos palcos, trazendo consigo o seu terceiro albúm de estúdio, antecedido por Orelha Negra e Orelha Negra 2012.

Pouco se sabia antes do concerto, com a banda a não revelar praticamente nada daquilo que se iria passar no Grande Auditório do CCB, permanecendo desconhecidos quaisquer pormenores do novo disco. Que se pode especular de um concerto do qual não se tem qualquer ideia do que vai acontecer? Nada, na verdade. A ideia da banda formada em 2009 era precisamente essa, trazer algo completamente novo, brindando o Centro Cultural de Belém com um espetáculo completamente exclusivo que só conhecerá semelhanças dia 30 de janeiro, no Hard Club, no Porto.

Na verdade, e falando novamente de expetativas, aquilo que o público podia esperar, e certamente esperava, era que a banda não se desvirtuasse dos seus sons mais caraterísticos, dos quais fazem parte a indissociável bateria de Fred Ferreira ou o baixo de Francisco Rebelo.

E foi tudo isso que a banda trouxe, relembrando os sons caraterísticos desses mesmos instrumentos, juntando-lhes, como sempre, os samples de Sam the Kid, o scratch de Cruzfader e os sons futuristas do teclado de João Gomes, formando a conjugação perfeita de mais albúm em que se voltam a juntar o funk, soul ou blues.

Ao entrar na sala completamente esgotada do CCB, a expetativa do público era palpável, sentia-se a ânsia de que aqueles sons voltassem, de que fosse tudo igual, mas completamente novo, de que Orelha Negra fossem, simplesmente, Orelha Negra.

O quinteto entrou em palco e deu aso à primeira euforia da noite, tinha chegado o momento que todos ansiavam, mas que muitos temiam. Afinal, estaríamos perante mais um excelente trabalho, ou perante a desilusão?

Assim que a bateria de Fred Ferreira começou a ecoar na sala, a sensação foi excelente, era aquele o som que os Orelha Negra tinham trazido das outras duas vezes e, como se viu, não se perdeu. Seguiu-se a mais que natural mistura de todos os sons, que, não sendo de todo únicos, fazem com que essa mesma mistura seja única. Era o mesmo blues, o mesmo baixo, os mesmos acordes brilhantes do teclado, sempre escudados da tremenda bateria, que, ao seu lado direito contava sempre com os adornos de Sam ou Cruzfader.

Estiveram musicalmente perfeitos, combinando todos aqueles sons velhos, para os transformar em algo completamente novo. No entanto, o concerto dado pela banda portuguesa merece também o destaque no que concerne a outros aspetos extra musicais, como sejam os efeitos de luzes, muito bem montados pela organização do CCB. E aqui, o espetáculo não se contentou apenas em trazer uns bons holofotes (que também os houve), cheios de luz e espontaneidade, trazendo algo completamente inovador, logo no início do show. Uma espécie de jogo das sombras chinesas invadiu o palco, deixando o público perplexo e fascinado com tal coisa, pouco usual em momentos destes. Um grande pano branco cobria todo o palco, escondendo atrás de si a banda portuguesa. Num efeito que demorou algum tempo a entender, o público lá conseguiu perceber a genialidade (apesar de simples) daquela ideia. Umas simples luzes no palco apontavam para a tela, fazendo um tremendo jogo de sombras, no qual as personagens musicais se sobressaiam em diferentes dimensões.

A tela levantou ao fim de duas músicas, mas, acompanhando o brio musical, a cenografia também não se ficou por ali. Mais a meio do concerto, cinco bolas de espelho desceram do palco, provocando uma explosão de cores que casou muito bem com a música que saía dos cinco corpos (não há dúvida que os cinco elementos respiram música, utilizando os instrumentos como meio para a propagar).

Pelo meio do concerto, além dos samples, incluindo novamente poesia portuguesa, houve lugar de destaque para duas pequenas introduções de Drake e Kendrick Lamar. De resto, a mistura do som de Orelha Negra com parte do rap de «Hotline Bling» foi um dos momentos altos da noite, com muita gente a cantar “You used to call me on my cell phone”.

A banda saiu de palco com pouco mais de uma hora de espetáculo, mas logo se percebeu que haveria o esperado encore, com o quinteto a regressar para brindar o CCB com três músicas antigas, «961919169», «Throwback», finalizando com “Give you my love, all of my love” de «M.I.R.I.A.M.».

Em vários momentos do espetáculo, a banda interviu com o público, pela voz de Sam the Kid, fazendo algumas referências a ON 2016, dizendo ainda que “Isto é Orelha Negra 2016”. Dois pontos: A julgar pelos nomes dos outros albúns, é bem possível que este venha a ser o nome do terceiro disco do conjunto. Por outro lado, se aquilo é Orelha Negra 2016, como Sam repetiu várias vezes, os fãs podem ficar descansados, porque roça a perfeição, mostrando que a banda não perdeu a sua identidade. No fundo, Orelha Negra 2016 é como algo que só poderia sair de quem fez Orelha Negra e Orelha Negra 2012, reinventando constatemente os sons, dando-lhes nova vida, fazendo o público viver e reviver através da música.

Em suma, foi bom? Como poderia não ser? Foi mais um grande concerto de um dos projetos musicais que mais orgulho traz aos portugueses nos últimos anos, lançando este novo albúm para a vitrina das grandes expetativas discográficas do ano de 2016.

Vê aqui alguns dos melhores momentos da noite no Centro Cultural de Belém.

Fonte: António Guimarães

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Fonte: António Guimarães

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António Guimarães

António Guimarães

Fonte: António Guimarães

Fonte: António Guimarães

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Fonte: António Guimarães

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Fonte: António Guimarães

Fonte: António Guimarães

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Fonte: António Guimarães

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