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Resistência de volta aos álbuns: «São canções que ultrapassaram a nossa geração»

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Resistência de volta aos álbuns: «São canções que ultrapassaram a nossa geração»

«Assim que se começou a tocar, soou logo a Resistência». É assim que Tim resume o início do regresso aos discos da Resistência. O lendário «super-grupo» nacional editou esta semana o álbum «Horizonte», o primeiro em mais de vinte anos, e que conta com a recriação de temas dos Xutos & Pontapés, Madredeus, Rádio Macau, Madredeus e a Banda Cósmica, ou Delfins.

Os anos passaram, mas, garante Pedro Jóia, «a matriz na Resistência não mudou (…) e a mensagem também é a mesma». Com o lançamento do trabalho ainda fresco, e com o concerto no Tivoli – em Lisboa – quase à porta, os músicos explicam como é que nasceu a vontade de transformar uma reunião em palco num regresso de corpo inteiro.

A mensagem pode ser a mesma, mas a canção não. Sem deixar de lembrar os êxitos cuja recriação pela Resistência leva as multidões ao uníssono, a banda decidiu que estava na altura de fazer algo novo: «São canções que continuam a dizer-nos alguma coisa. Muitas destas canções, eu continuo a ouvi-las pelas rádios de Portugal. Se calhar é mais uma celebração destas canções ainda serem ouvidas pelas pessoas, do que propriamente estar a tentar repescá-las. Não há outra razão para eu chegar ao Pavilhão Multiusos em Guimarães com 7 mil pessoas com a Resistência, e ver pessoas com 25, 26, 28 anos, a cantar a letra toda do ‘Aquele Inverno’, ou do ‘Circo de Feras’. São canções que ultrapassaram a nossa geração», explica Miguel Ângelo. A intemporalidade que dá sentido ao renascer da Resistência é também referida por Olavo Bilac: «Nós fizemos dois concertos memoráveis no Campo Pequeno, e no Pavilhão Multiusos em Guimarães, e tivemos uma agradável surpresa. Pensávamos nós que a Resistência tinha ficado numa geração, e tivemos a agradável surpresa de perceber que estavam ali três gerações vivamente a cantarem as canções».

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A vontade de continuar com o projecto juntou-se à vontade de criar algo de novo, e Bilac conta mesmo que o grupo pensou em lançar inéditos: «não tínhamos muito tempo, e tínhamos de ser objectivos e práticos. Por isso, continuamos com o mesmo objectivo que a Resistência sempre teve. Isto começou por querer resistir às guerras da rádio, ao não passar música portuguesa. Canções que quando a Resistência lhes pegou, as rádios começaram logo a tocar. O curioso é que vinte anos depois, a guerra continua».

Posta de parte a possibilidade dos inéditos, Fernando Cunha explica «emoção» de voltar a estúdio: «Foi grande a emoção de criar arranjos para as músicas que escolhemos, uma vez que o que tínhamos feito até agora tinha sido só ensaiar os arranjos que já existiam. Isso foi a grande novidade, pegar numa canção, virá-la do avesso, e dizer: ‘vamos reinventar esta canção’. Também a própria escolha das músicas teve muito a ver com as mensagens, e a forma como resultam cantadas pelas nossas vozes, e também com os arranjos que nós fizemos com as guitarras».

«Os discos dão muito trabalho a fazer, mas é um trabalho que eu gosto imenso, e foi giríssimo fazer. Os músicos tocam muito bem, fizemos duas gravações, e a mim deu-me imenso prazer. Tínhamos boas condições, trabalhámos no estúdio dos Xutos, na sede dos Xutos & Pontapés primeiro, e depois no estúdio Atlantic Blue, que é uma maravilha. Não há melhor, é incrível como é que há finalmente um estúdio destes aqui», conclui Pedro Ayres Magalhães.

É de música, mas também de amizade de que se fala, quando se diz o nome Resistência: «Já não estávamos juntos a trabalhar há uns tempos, e é sempre agradável ver os amigos de quem gostamos. No fundo é a continuação da saga, continuarmos a fazer aquilo que já tínhamos feito com sucesso e muito prazer. É uma nova fase, e está a ser bom», explica José Salgueiro, acompanhado por Dudas, que acrescenta: «o que é giro também é a amizade que existe entre nós. Cada um está na sua, e é giro depois o reencontro».

22 anos depois, o que é que mudou? «Na primeira vez éramos miúdos, não sabíamos bem o que estávamos a fazer, ensaiávamos das nove da noite às sete da manhã…agora é diferente. O estúdio é muito bom, os ensaios foram fantásticos e muito produtivos, e os músicos estão todos acima do que estavam. Não é a mesma coisa», explica Tim. Miguel Ângelo, por seu lado, diz que o entusiasmo é o mesmo: «Quando se grava um disco é sempre como da primeira vez. Há sempre esse entusiasmo, acho que a nossa relação com aquilo que produzimos é sempre muito forte, muito intensa. Este regresso aos discos é muito importante para nós. Para já, percebemos que isto funcionava, porque podia não funcionar, cada um foi à sua vida durante estes 20 anos, e podíamos chegar agora e ver que não havia afinidades, nem estéticas, nem pessoais».

Para os concertos, a promessa vem na voz de Pedro Ayres Magalhães: «Tentar abandonar o figurino da Resistência, de cantarmos as mesmas coisas, e tentar criar atmosfera para apresentar as novas». A Resistência sobe ao palco do Tivoli, em Lisboa, a 17 de Dezembro, e Pedro Jóia explica o que se pode esperar: «Vamos tocar o disco na íntegra, mas obviamente vamos tocar os sucessos da Resistência, que toda a gente quer ouvir, e que nós também queremos tocar».

O «Horizonte» que dá nome ao álbum, já se sabe, é inatingível, mas Pedro Jóia conclui: «queremos muito chegar lá».

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