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Reverence Festival Valada: o primeiro dia

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Reverence Festival Valada: o primeiro dia

De bagagens aviadas e com um entusiasmo que não cabe em si ou em qualquer outro lugar físico, zarpámos rumo ao coração do Ribatejo, onde durante três dias (27, 28 e 29 de agosto) bombeia o sangue rock: o Reverence. Numa era em que quase não existem festivais de nichos, o Reverence, que começou ontem a sua segunda edição, é o templo de hippies, metaleiros, punks e indies e a fé é espalhada por mais de 50 bandas, distribuídas por três palcos. Constatou-se que esta edição contempla mais devotos que no ano passado. Quem nunca pôs cá os pés veio cumprir a promessa e perseguir o Santo Graal da música que não pára durante 15h por dia. No MYWAY, gostamos de viajar no tempo e esta é a nossa primeira experiência numa comemoração sem pretensiosismos, publicidades, distracções e trivialidades que nos desviam de um comum propósito: o culto à música.

O pequenino palco Palco Rio carregou a responsabilidade  de ser o único a albergar as oito bandas a que o primeiro dia teve direito. O primeiro dia não foi pautado pela indecisão e pela definição de bandas prioritárias entre os horários que se intercalam e a magia que acontece ao mesmo tempo. Desde as 17h00 até à as 02h00 da manhã, o palco Rio e o respetivo recinto que se dispunha criaram uma atmosfera de uma festa sem convite em casa de amigos, onde cada desconhecido é nosso amigo e temos uns laivos dos lados desconhecidos dos nossos amigos. A união, ainda que de pouca gente, carregou-se de uma energia suave e positiva, com uma alegria característica dos primeiros a aquecer o solo musical para os próximos dias. Luna Marada, Beautify Junkyards, Chicos de Nazca, Purple Heart Parade, The Vickers, Keep Razors Sharp e os Jeff The Brotherhood fizeram as honras. Só fez falta quem esteve.

A acompanhar a neblina crepuscular, os chilenos Chicos de Nazca abriram às 08.30, para um público lento e de barriga cheia que se acomodava e absorvia lentamente o espírito do Reverence. A escuridão exigiu iluminação de um rosa-vivo, que misturada com o psicadelismo da banda de Santiago resultou de forma muito agradável. Com cinco álbuns no cartório (apenas três destes são oficiais), a banda fez jus à aliança possível entre o space rock e o rock psicadélico, com longos e estrondosos solos de guitarra pelo meio, um público ainda por conquistar, e instrumentais de uma energia espacial que foram correspondidos com alguns headbangs, por parte dos livres e corajosos que se posicionaram à frente. «Far And Close», de 2010, foi o álbum cujos temas foram mais interpretados neste concerto de 45 minutos que nos indicou como flutuar nas nuvens e voltar com vida.

Três horas depois e poucos minutos após a meia noite, estávamos entre amigos. Neste caso, prontos para dançar com o regresso de uns deles: Keep Razors Sharp (vê AQUI a entrevista que a MYWAY realizou à banda, em maio). Os portugueses voltaram a provar que são gigantes com uma brilhante atuação, a apresentar o seu único álbum homónimo, que saiu no ano passado. A exótica e manhosa «Waiting Game» dá início ao espetáculo que fez as delícias dos presentes. Num tipo de introspeção que nos agrada, tanto para os temas sobrios como para os hinos de festa, o vocalista Afonso Rodrigues apelou a que o público se aproximasse mais das grades. Seguiu-se a alegre e aventureira «Five Miles», que denunciou a evidente comunhão do público entre copos e sorrisos. Não faltaram os êxitos «The Lioness» e «I see your face». «Isto é fantástico», ouvia-se lá à frente, da boca de um estrangeiro. Os Keep Razors Sharp conseguiram terminar o concerto com as suas presas rendidas, e nós não poderíamos pedir melhores predadores.

Já os Jeff the BROTHERHOOD, numa hora de concerto que terminou às 2 da manhã, cumpriram, mesmo que não fosse intenção, uma curiosa homenagem à sonoridade dos Black Sabbath. O duo americano é uma irmandade simpática do rock de garagem acorrentado a outros géneros, aludindo às décadas que nos fazem sentir saudade do que nunca vivemos. «Wasted On The Dream», o álbum que mostra a sua faceta mais psicadélica, é melhor escutado ao vivo. Quanto aos temas mais antigos, a banda tratou dos mesmos com um impulso enérgico que não deixou ninguém a querer o fim. Hoje há mais.

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