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Agir: «Têm de me pôr travões»
«Leva-me a sério» acabou de sair, e Agir já só pensa no futuro. Irrequieto, fala-nos dos planos para um próximo álbum que quer ter lançado por esta altura no próximo ano, mas não deixa o orgulho no seu «novo bebé». O novo trabalho, os fãs, as colaborações, e os concertos, está tudo na conversa que se segue.
MYWAY: Falei contigo em dezembro do ano passado, numa altura em que dizias que ias fazer o álbum em dois meses, e que gostavas de prazos curtos. O que é que mudou desde aí?
Agir: Nada, não mudou nada. O facto é que têm de me pôr mesmo travões, porque mesmo neste álbum acabou por resultar numa faixa extra porque o álbum já estava na fábrica e eu tinha uma música para pôr…portanto é isso, às vezes têm que me pôr travões, porque estou sempre a fazer música nova.
MYWAY: Nessa altura disseste também que eras insatisfeito por natureza, é por isso que essas coisas acontecem?
Agir: É, e mesmo quando me acontecem coisas boas – como um concerto que me correu muita bem numa data que eu achei que era importante, ou o álbum vai para a frente – eu fico contente durante muito pouco tempo, fico sempre a pensar é no que me falta ainda …tanto que os meus amigos costumam dizer, «de vez em quando também tens de parar e ficar só contente porque te estão a acontecer coisas boas!», mas eu não consigo.
Já estou a pensar em como é que vou lançar o próximo
MYWAY: Então agora que o álbum está cá fora, em que é que já estás a pensar?
Agir: Estamos a pensar agora na festa de lançamento do álbum – que já temos 90% de certezas, mas ainda não quero dizer, para ver se acontece – e já estou a pensar em como é que vou lançar o próximo, que espero que seja por esta altura do ano que vem…estou a pensar numa data de coisas, nos concertos, como é que vou fazer, como é que não vou…
MYWAY: Este álbum chama-se «Leva-me a sério», e uma das canções também tem esse nome. É uma necessidade que tens, que te levem a sério?
Agir: Não, eu fiz essa faixa, e depois olhando para as faixas que tinha, e olhei para a música «Leva-me a sério», e acho que é bom. Há muita malta que já ouviu falar de mim, mas não sabe bem, ou ouvem as coisas antigas e acham que foram umas parvoíces que eu fiz…por isso acho que, não demasiado, está na altura de me levarem a sério.
MYWAY: Este trabalho é muito eclético….
Agir: Hmmm….
MYWAY: Não concordas?
Agir: Eu sou um bocado suspeito em relação a isso. Ao longo dos tempos eu tenho levado muito com isso: «ora fazes reggae, ora fazes hip-hop, ora fazes soul», e desde a mixtape passada para este álbum, acho que já encontrei ali um estilo que para mim tem sempre como base RnB e hip-hop, e dentro disto tens umas coisas mais baladeiras, e outras mais a abrir. Mas é principalmente RnB e hip-hop. Se bem que eu defendo que sou um cantor pop, também acho que pop não é um estilo musical. Eu costumo dizer isto: tu tens os Blink 182 que são pop, e a Madonna também é pop. O pop pode englobar 1001 coisas. No meu caso, é RnB e hip-hop.
O álbum mesmo é para aqueles fãs ferrenhos, que ouvem tudo, e sabem um bocado o que é que eu sou.
MYWAY: Ia falar também em relação às letras, que surgem com tons muito diferentes no álbum, tens o single «Tempo é Dinheiro», que é muito positivo, e depois tens coisas mais agressivas como o «Toda a gente olha» …
Agir: É, eu separo muito aquilo que serão singles de rádio, e o que serão singles de Youtube. Eu tenho noção que, em geral pode haver malta que já me conhece e vai ouvir as minhas músicas, mas vai ouvir os singles. O álbum mesmo é para aqueles fãs ferrenhos, que ouvem tudo, e sabem um bocado o que é que eu sou. Acho que a maioria das pessoas – Deus queira que sim – mas nem nunca vai saber que há um som que é o «Toda a Gente Olha». Vai saber o que é o «Tempo é Dinheiro», vão conhecer os singles. Hoje em dia as pessoas também não têm tempo para quase nada, é só mesmo o que lhes chega diretamente é que conhecem. Esses são os sons mesmo para os fãs, que sabem um bocadinho mais da minha vida – não tudo – mas o que é que eu passei. Pronto, acho que faz mais sentido.
MYWAY: Tu percebes que tipo de música é quando acabas de a escrever, ou já estás a pensar nisso antes de arrancar?
Agir: Eu quando estou a escrever, escrevo o que me vem à cabeça na altura. Dantes fazia tudo totalmente sozinho, mas agora com a ajuda da editora e da agência chegamos a um consenso do que pode ser um single, ou não. Mas tenho noção logo de caras que há temas que nem quero que sejam singles, nem eu quero ter um cartão-de-visita tão agressivo. Mal ou bem, eu já acho que a minha imagem é um bocado agressiva, e então não quero de todo, agora de vez em quando…isto tem a ver com a onda meio hip-hop, que dá sempre vontade de ter uns sons com umas ‘punchlines’, a estrebuchar com alguma coisa, mas não quero de todo que seja o meu cartão-de-visita.
MYWAY: Este trabalho também tem várias colaborações de pessoas que vêm de áreas diferentes, tens desde a Blaya ao Ivan Lins, passando pelos Amor Electro. Escreveste as músicas para estas pessoas?
Agir: A maioria delas sim, mas o Ivan Lins tem um gosto especial. É uma pessoa que eu conheço desde muito, muito pequenino, e há anos que estamos a dizer que temos de fazer alguma coisa. Pronto, e sem querermos apressar, agora foi o momento certo. Ele tem casa cá também, eu fui ter a casa dele, e ele estava de volta do piano com uma melodia e um refrão, fizemos a letra para esse refrão, eu fiz o resto da melodia toda e o instrumental, e saiu a música que vocês podem ouvir, que se chama «Talvez um Dia», e que eu gosto muito. Quanto às outras pessoas, a Marisa Liz era uma pessoa com quem eu queria trabalhar há um tempo, mas ainda não tinha tido O som, sendo nós de estilos diferentes tinha de haver qualquer coisa que casasse, e acho que esta música casou muito bem. O resto, são pessoas que são meus amigos, já não é a primeira vez que trabalho com eles, e é isso, são amigos.
MYWAY: Voltemos agora ao início, estavas a dizer que já estás a pensar num novo álbum que queres lançar para o ano, já tens músicas?
Agir: Tenho ideias para as músicas, mas a ideia para o próximo álbum é um bocado ambiciosa, e eu gostava de pensar nela com tempo, e só então quando tivesse algo concreto é que vou dizer. Na minha cabeça já está tudo, mas depois lá está, entra uma editora, entra uma agência para me dar nas orelhas (risos)…pronto, mas está a caminho!
MYWAY: O que é que podemos esperar dos concertos a partir de agora?
Agir: Eu agora estou a chegar a uma fase complicada, que é, tanto gosto das músicas que deixei para traz, como destas vinte novas. Portanto agora vou fazer quase um best-of, que para mim é sempre difícil porque gosto de todas. Agora, é um concerto muito energético. Tenho no máximo duas baladas para aí num concerto de quinze músicas. É um concerto cansativo, porque é sempre aos saltos, e é um pouco barulhento. É um concerto principalmente para festivais e palcos grandes, porque acho que em salas pequeninas é barulhento demais, realmente (risos). É isso, é um concerto em que tento sempre ter toda a gente a cantar comigo, daí ter sempre algum cuidado com os refrães, porque as músicas quando saem passam a ser também das pessoas, e eu quero que as pessoas as cantem comigo.
MYWAY: Ouvindo agora o teu álbum ainda queres ir lá mudar alguma coisa?
Agir: Ah, tenho sempre! Eu já consegui educar-me a não pensar muito nisso, porque nem era mudar, eu já fazia outro álbum, outra coisa qualquer, já misturava de maneira diferente…eu já ouvi tanto, tanto, tanto, tanto, que posso dizer que já estou farto…não é farto, quero é tocá-lo ao vivo agora. Por mim já estava no próximo álbum, mas já consegui educar-me para isso, se não vou sofrer sempre. Mas não deixa de ser ali um bebé, é o meu bebé novo, e estou muito satisfeito!
MYWAY: Vai tornar-se um homenzinho na estrada?
Agir: Sim, Deus queira que sim!
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