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Andycode: «Este álbum já vai a lados que o primeiro não ia»
Em 2011, André Mendes lançava a solo o primeiro álbum enquanto «Andycode». Em 2014, o projecto regressa já enquanto banda, e é lançado o álbum «Karman Line». Para além da mudança no formato, o novo álbum traz também uma mudança no som, e é sobre isso que a banda nos falou.
MYWAY: Vocês estão a lançar o álbum «Karman Line», o primeiro enquanto banda, depois de Andycode ser um projecto a solo. Porquê essa mudança?
André: Isto começou tudo com o primeiro álbum. Enquanto estávamos a finalizar alguns temas, começou a surgir a ideia de levar isto para um formato de banda. Porquê? Porque a minha ideia no início nunca seria, se fosse para tocar isto ao vivo, ser a onda de levar o computador e estar a tocar sozinho. Se fosse para tocar ao vivo, seria sempre com banda, só que o primeiro álbum não foi pensado para um formato de banda, foi adaptado. O álbum foi gravado, e depois começámos a tentar arranjar músicos, e colocar o projecto de pé, e então tivemos de adaptar alguns temas para podermos tocar ao vivo. Este «Karman Line» já foi completamente diferente, já foi um álbum que, quando começou a ser gravado, já existia uma banda. Então, todos os temas foram pensados para uma bateria acústica, para um baixo, para duas guitarras, para um teclado, para vozes, com uma componente electrónica que já vinha de trás, e acaba por ser o alicerce de Andycode. Enquanto o primeiro tinhas a banda, e a parte electrónica separada, neste segundo álbum somos cinco músicos dentro do universo electrónico, o que em termos de banda, acaba por ser muito mais orgânico.
MYWAY: Foi então o facto de terem começado a criar com esta formação que influenciou a nova sonoridade?
André: Sim, sim, sim. Ou seja, tentámos seguir um bocado a linha que vinha do primeiro, mas já muito mais desenvolvida. Este álbum já vai a lados que o primeiro não ia. O primeiro andava se calhar mais dentro da electrónica, mais dentro do ambiente, mais dentro do pós-rock, e este aqui tem essa componente, também, mas já vai mais ao indie rock, vai mais ao experimentalismo.
Ricardo Gonçalves: O outro também era um bocado mais para ouvir no carro, e este é para tocar ao vivo.
André: Só um dado curioso. O outro álbum é todo a 120 bpm (batidas por minuto), o tempo é sempre o mesmo. Neste, quando comecei a fazer a parte de produção, uma das ideias era teres sempre um tic (ndr: faz ritmo batendo na perna), mas não estamos necessariamente dentro dele. Estamos libertos dentro do universo electrónico.
Karman Line é a uma linha que separa a atmosfera terrestre do espaço exterior, pronto, fica a 72 milhas acima do nível do oceano. Nós também jogámos com isso, porque o nosso som, apesar de ser etéreo, acaba por ser um bocado mais futurista, um pouco mais electrónico. – André G. Mendes
MYWAY: Dizem que este álbum funciona melhor ao vivo, como é que têm corrido as apresentações?
André: No Musicbox correu muito bem, no Plano B não tanto…o concerto acabou por ser cedo. Começámos a tocar às 23h30, e neste momento o nosso som aproxima-se mais de um DJ a pôr música, do que uma banda a tocar. Ou seja, mesmo nos temas mais calmos sentes uma vontade de bater o pé, uma vontade de dançar, enquanto o primeiro tinha temas muito mais calmos, para estar a ouvir quase numa onda de contemplação. Neste aqui, mesmo os temas mais contemplativos têm este universo mais dançável. Daí que, se tivéssemos começado a tocar uma hora mais tarde, que é quando o pessoal começa a vir dos jantares para beber um copo, e ouvir música, mais propriamente do que ouvir uma banda a tocar, teria sido diferente. Gostávamos de ter a casa cheia, não tivemos, mas correu bem.
MYWAY: Este álbum tem a ver com o conceito de movimento e descoberta. A música foi também criada quando estavam nesse caminho.
André: Sim! Karman Line é a uma linha que separa a atmosfera terrestre do espaço exterior, pronto, fica a 72 milhas acima do nível do oceano. Nós também jogámos com isso, porque o nosso som, apesar de ser etéreo, acaba por ser um bocado mais futurista, um pouco mais electrónico. É uma coisa mais de descoberta, e «Karman Line» também foi nesse sentido, foi movimento, foi descobrir, foi procurar uma língua musical um bocado diferente. Tentar reinventar alguma coisa que já foi feita, mas com tecnologia, e com a musicalidade que se faz hoje em dia.
MYWAY:Vocês disponibilizaram o álbum em streaming gratuito. Decidiram logo quando estavam a compor que o iam fazer?
André: Sim. O que nós pensámos, foi: nós temos o álbum para streaming no nosso site mesmo para quem não conhecer poder ouvir, estar no trabalho e clicar no play. Depois temos à venda no ITunes e na Amazon. Pensámos que seria interessante, em vez de fecharmos o álbum só para quem quiser comprar, não, temos o álbum no site, e quem quiser ouvir, pode sempre ir acompanhando, e no nosso site também vamos lançando algumas coisas, tentamos fazer algumas versões, também. Pensámos que seria a melhor forma de dar a conhecer Andycode, nesta altura.
MYWAY: Estavas a falar em ouvir no trabalho, e diziam há pouco que o primeiro trabalho dava para ouvir no carro. Há algum sítio ideal para ouvir este álbum?
Ricardo Gonçalves: Não, o álbum tem várias músicas que dão para ouvir no carro, no trabalho, dão para curtir em casa (risos).