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Cantando, Veloso & Gil, mandaram a tristeza embora na última noite do EDP Cool Jazz

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Cantando, Veloso & Gil, mandaram a tristeza embora na última noite do EDP Cool Jazz

O preto vestido de branco e o branco vestido de preto. O contraste era simples e apenas visual. Pois, assim que abriram a boca e tocaram nas guitarras, Caetano e Gil foram tudo menos dois opostos. De volta à Bahia, na vinda a Portugal, os dois amigos foram recebidos de braços abertos pelo povo irmão, na tentativa de aumentar o calor numa noite de verão invernosa. E, assim que os acordes de bossa nova começaram, não mais pararam.

«Obrigados, obrigados», dizia de surra Gilberto Gil, naquele que foi um concerto tão intimista que não era preciso falar, mas sim ouvir. Os olhares cúmplices dos artistas estavam sempre em cruzamento e, nem quando Caetano saltitava com os ombros ou se concentrava na dicção das palavras, eles perdiam sintonia.

«Terra, terra, por mais distante o errante navegante…Quem jamais te esqueceria» cantavam as vozes que assistiam à celebração de 50 anos de amizade baiana. Vozes essas com uma forte representação de actores, apresentadores de televisão e músicos, ou não teríamos encontrado Ana Moura que nos confessou: «são dois grandes nomes da música brasileira. Cresci a ouvir o meu pai a cantar músicas deles». Cresceu ela e cresceu Gil, enquanto usava o seu violão para marcar uma batida, ao declamar na sua voz grave «Não Tenho Medo da Morte», com todos os olhares fixados em si.

Foi pena não terem tocado outros êxitos tão, ou mais, carismáticos do que aqueles que tocaram. Ainda assim, e depois de apanhado o «Expresso 2222», todo o mundo virou baiano e os risinhos de agradecimento dos dois magos foram mais que muitos. A partir daí, até Veloso se levantou e resolveu dar um passinho de dança, dando aso a pequenos carnavais de samba no meio do público.

Um abraço e um beijo deram estes dois homens, no suposto final do espectáculo, mas o repertório não ficava por ali. «Cantando eu mando a tristeza embora» e verdade seja dita, que mandaram mesmo. Entre «aaah’s», «ia ia’s» e «etá’s», o concerto destes dois companheiros não era destinado a apreciadores do Brasil, mas a amantes da língua portuguesa. E foi, com o samba no pé, que o EDP Cool Jazz se despediu de 2015 mas nunca da música intemporal.

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