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D.A.M.A: «No fundo somos miúdos betinhos que fazem rap»

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D.A.M.A: «No fundo somos miúdos betinhos que fazem rap»

Da última vez que tínhamos falado com os D.A.M.A, ainda o primeiro álbum do trio não tinha saído. Desta vez, voltámos à conversa com Francisco Maria Pereira e Miguel Coimbra (Miguel Cristovinho esteve ausente), que contam ter encontrado a «sonoridade D.A.M.A» que sempre procuraram. Quem os conhecia de «Balada do Desajeitado», ou «Luísa», vai agora encontrar mais rap na pop deles. Miguel e Francisco garantem que expressam o que sentem e o que são nas canções. O objectivo? «Fazer com que as pessoas não parem de cantar as nossas músicas». Estão no bom caminho.

As pessoas ao ouvir-nos não se identificam com ninguém a não ser nós, e isso é óptimo – Francisco

Da última vez que falei convosco, o vosso primeiro álbum ainda não tinha saído, e falavam da importância de encontrar o som D.A.M.A. Encontraram-no com este «Uma questão de princípio»?

Francisco: Sim. Já estamos em piloto automático, a sonoridade D.A.M.A já nos sai quando estamos a escrever. Nós achamos que foi uma das nossas principais vitórias, ter encontrado a sonoridade D.A.M.A. As pessoas ao ouvir-nos não se identificam com ninguém a não ser nós, e isso é óptimo.
Vocês já existiam há algum tempo antes de este álbum ser lançado, as canções deste trabalho já estão convosco desde o início, ou foram compondo recentemente?

Miguel Coimbra: Nós aproveitámos duas músicas do nosso repertório antigo, o «sente a minha magia» e o «Popless» (versão dos GNR), e decidimos regrava-las e inseri-las neste álbum. São músicas que têm um significado especial para nós, e por isso decidimos inclui-las.

Francisco: E outras músicas, por exemplo, o «Só quero Você», que é com a Gaby Luthai, foram feitas há imenso tempo. Nós ainda não tínhamos gravado porque não tínhamos encontrado a pessoa certa.
Era aí que ia chegar. Antes do álbum sair já tínhamos ouvido a colaboração com o Salvador Seixas, e agora ouvimos com a Mia Rose e com a cantora brasileira Gaby Luthai. As vozes delas surgiram depois de terem criado as canções?

Francisco: A da Gaby, sim. Tínhamos a letra, e a da Mia Rose escrevemos em conjunto. Para além de ser uma amiga, é um grande talento, e veio acrescentar imensa qualidade ao nosso álbum.

Não escondemos nada a ninguém, mas o nosso sangue é o nosso sangue, e passamos isso para a nossa música – Miguel Coimbra

 

Vocês têm dado imensos concertos, e um deles foi no Estádio do Dragão para muitos milhares de pessoas, antes dos One Direction. Sentem que essa actuação foi um ponto de viragem, ou foi tão importante quanto os outros concertos que vocês têm dado?

Francisco: Eu acho que cada concerto é importante na medida em que chegamos a muita gente ao mesmo tempo. Esse concerto, claro, foi importante para nós, como todos são. Claro que o encarámos de uma maneira… ‘Wow! São 60 mil pessoas’, e preparámo-lo ao milímetro, como preparamos todos. Foi bom em termos de ‘buzz’, chegámos a outro ‘target’, um ‘target’ se calhar mais novo do que seria o nosso até lá, e correu lindamente. As pessoas que estavam no estádio cantaram connosco as nossas músicas, o que foi um motivo de orgulho imenso para nós. Não estávamos à espera de ter todo o estádio a cantar connosco a «Luísa», a cantar connosco a «Balada do Desajeitado». Foi óptimo para nós.
Quem já vos via nesses concertos já conhecia algumas músicas novas, mas obviamente não tocavam todas as do álbum. O que é que trazem agora de novo?

Francisco: Vamos trazer quase tudo. A única música do álbum que nós tocávamos, para além do «(Balada do) Desajeitado» e da «Luísa» era o «Nanana», e agora vamos trazer o reportório todo.

A ‘Balada do Desajeitado’ e a ‘Luísa’ são baladas, e que nós próprios cantamos, mas a minha raiz e do Miguel Coimbra é mais de rap, e nós integramos essa nossa vertente em muitas outras músicas – Francisco

 

E de que forma é que esse repertório é diferente do «Desajeitado» e da «Luísa», que eram as que tinham maior sucesso?

Francisco: A diferença é que a «Balada do Desajeitado» e a «Luísa» são baladas, e que nós próprios cantamos, mas a minha raiz e do Miguel Coimbra é mais de rap, e nós integramos essa nossa vertente em muitas outras músicas. Acho que estão giras, são músicas muito orelhudas, e os refrães ficam muito na cabeça. O que nós queremos é fazer com que as pessoas não parem de cantar as nossas músicas.

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Falando em rap, na música «Sente a minha magia» vocês falam de um certo tipo de pessoa associado ao rap, e que não é o vosso. Sentem-se outsiders, ou não se preocupam com isso?

Miguel: Eu acho que cada que pessoa que escreve músicas expressa os seus próprios sentimentos, e aquilo que vive. Nós não vimos de um meio pobre, nunca nos faltou nada e sempre tivemos muita sorte na vida. Somos pessoas felizes, acima de tudo. Nas músicas expressamos isso mesmo, de onde vimos. Não escondemos nada a ninguém, mas o nosso sangue é o nosso sangue, e passamos isso para a nossa música.

Francisco: Claro que esta música foi escrita há muitos, muitos anos, numa altura em que o rap era visto como uma coisa mais underground, em que as pessoas que passavam mais dificuldades é que escreviam rap. Nós nunca escondemos o que somos, e no fundo somos miúdos betinhos que cantam rap. Não nos sentimos outsiders porque o nosso rap é completamente diferente do deles, nem sequer é comparável. Sentimo-nos completamente dentro, mas dos D.A.M.A.
Continuando na mesma música, dizem «não ligues a ninguém escondido atrás de um nickname». Estando vocês tão expostos online, costumam receber esse tipo de críticas?

Francisco: Não. Felizmente a nossa barra de likes no youtube é muito maior do que a nossa barra de dislikes. Claro que há sempre pessoas que não gostam, e que vão dizer mal, mas isso também é sinónimo de sucesso. Claro que toda a gente tem o total direito de não gostar do que fazemos, mas é-nos igual. Felizmente são muito mais as pessoas que gostam do que as que não gostam.
A partir de agora, vão dar concertos de apresentação do álbum?

Miguel e Francisco: Concertos sem parar

Francisco: De destacar os nossos concertos de lançamento do álbum, a 16 de Outubro no Armazém F, em Lisboa, e no Porto a 23 de Outubro, no Hard Club.
Vocês compõem na estrada?

Francisco e Miguel: Às vezes sim!

Miguel: Os rasgos de inspiração aparecem quando menos esperamos. A última que apareceu foi quando estávamos a fazer o soundcheck, e saíram ali uns acordes que nos deram ideias, e fizeram músicas. À partida, para um segundo álbum já vai estar pronta (risos).

Francisco: Nós é assim! Por acaso o nosso guitarrista disse: tenho aqui uns acordes para te mostrar. Começámos a trautear os acordes, gravámos a linha melódica com o telemóvel, definimos o nome da música, e agora quando for para trabalhar já temos o processo facilitado!
Essa facilidade também tem a ver com a química que vocês têm?

Francisco: Tem tudo a ver com a nossa química, e com o facto de nos conhecermos muito bem. Felizmente, isso acontece connosco, com os três, mas também com os nossos músicos.
Sentem que conseguem fazer música com pessoas que não sejam estes vossos amigos?

Miguel: Conseguimos sim senhor.

Francisco: Estamos a trabalhar nesse aspecto com a Mia e com o Salvador Seixas, a ajudá-los com aquilo que nós sabemos, no repertório deles.
Os D.A.M.A apresentam «Uma questão de princípio» no Armazém F. a 16 de Outubro, e no Hard Club a 23 do mesmo mês. A compra do CD dá direito à entrada.


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