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HMB: «Trabalhámos muito, e acreditamos muito no que fazemos»

©Divulgação oficial

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HMB: «Trabalhámos muito, e acreditamos muito no que fazemos»

Não foi sem percalços, a entrevista aos HMB: Entre abordagens de desconhecidos, um vocalista perdido e lesionado, e uma mudança de local à última hora, pouco faltou acontecer. Nada disto afectou a boa disposição e boa conversa de Fred e Daniel (guitarra e teclados), que descreveram o caminho até ao novo álbum, contaram tudo o que aprenderam até agora, e garantiram: «achamos que há ainda muita canção para fazer sucesso neste disco»

 

MYWAY: Vocês lançaram recentemente o álbum «Sente». O processo de composição também passou pelo sentimento?

Fred: Completamente! Nós temos um lema, que vem na parte de dentro do disco, e é uma coisa que nos acompanha já desde antes primeiro disco sair, que é: «como sentimos é como entregamos». Foi tudo um processo de descobrir um som novo que nós queríamos ter, e a única coisa que nos diz que estamos no caminho certo é a sensação que nos causa quando estamos expostos à música que fazemos. Portanto sempre, sempre o sentir.

 

MYWAY: Chegaram a esse som novo que almejavam?

Ambos: Sim!

Daniel: Sim, chegámos. Tivemos a arriscar um bocadinho, porque o outro álbum foi uma produção mais directa. Parecia que estávamos a gravar ao vivo, foi uma produção mais naïve…

Fred: Mais rudimentar.

Daniel: Desta vez começámos por optar por sons mais electrónicos, aquela vertante do RnB e da soul que tem uma vertente mais electrónica, no tipo de beat. Nós na verdade não sabíamos bem como fazer isso em condições, e acho que conseguimos lá chegar. Houve ali uma altura em que não estávamos a acreditar muito. Foi um processo longo, quase um ano a gravar, e houve uma altura que chegámos a um ponto e dissemos: «não, isto não está a ficar como queríamos», mas de repente, ou porque começámos a investir mais tempo naquilo, e fechámo-nos um bocado mais em estúdio, e chegámos à conclusão que sim, estava como a gente queria.

Fred: Mas deu trabalho. Deu trabalho, porque realmente um processo de descoberta, e não foi só o processo a partir do momento em que entrámos em estúdio, foi desde que nos apercebemos que o som que tínhamos não era o som que queríamos, e depois começámos a perceber qual era o som, como é que se chegava lá, perceber elementos de produção, que a primeira vez que fomos gravar um disco não sabíamos. Basicamente nunca tínhamos estado em estúdio, fomos pegar nos instrumentos, e fomos fazendo camadas de som. Soou bem, soou ao que éramos na altura, estávamos felizes, mas sabíamos que queríamos ir mais além.

 

Foram dois anos de estrada, de aprender, começar a mexer com programas de produção, e perceber que existe um mundo de possibilidades. Depois misturar esse mundo meio digital e analógico. – Fred

 

 

MYWAY: Então essa vontade de mudança surge logo na altura do primeiro álbum? Não foi uma coisa que surgiu entretanto?

Daniel: Assim que começámos a tocar ao vivo também percebemos que queríamos fazer a coisa um bocadinho diferente.

Fred: Foi mesmo um processo, foi tipo: ‘ok, isto sabemos fazer, alta cena, mas queremos ir mais além. Além para onde? Como é que chegamos lá?’. Foi mesmo assim, foram dois anos de estrada, de aprender, começar a mexer com programas de produção, e perceber que existe um mundo de possibilidades. Depois misturar esse mundo meio digital e analógico.

 

MYWAY: Conseguiram chegar naturalmente a essa fusão?

Fred: Sim, porque somos todos instrumentistas. Ele (aponta para Daniel) é tipo o meu maior parceiro musical, toco com ele em ‘N’ projectos, temos álbuns gravados com outra banda, em que é só música instrumental. O Héber é cantor, e compõe, toca todos os instrumentos…portanto, vimos todos dessa base de banda acústica, nunca nos podíamos dissociar dessa identidade. Queríamos era acrescentar a outra componente, e conseguimo-la em estúdio, e agora estamos a aprender a transportá-la ao vivo. É outro desafio, e acho que mais três concertos e está mesmo no ponto (risos).

 

Uma coisa é termos o disco e sabermos o que é que o nosso primo e os nossos amigos gostam, outra coisa é perceber: ‘vamos tocar esta’, e há uma reacção. – Daniel

 

O que é que os dois anos de estrada e de trabalho entre álbuns vos ensinaram, além do que já falaram em relação à produção?

Fred: Aprendemos muitas coisas. Aprendemos o que é estar na estrada, e as implicações de cansaço físicas e emocionais que tem ir fazer um concerto, e meteres-te num carro ou numa carrinha, fazer as horas, chegar lá, fazer som, esperar…houve muita espera. Há-que saber gerir a energia para quando chega a hora de atacar, agarra o público ter energia para atacar um concerto grande. Aprendemos muito sobre gerir expectativas, gerir o que é chegar lá e pensar: ‘vai ser incrível, o público vai estar connosco’, e perceber que não é tanto assim porque a banda era recente, e as pessoas ainda não conheciam o disco. Aprendemos a lidar com isso tudo, crescemos enquanto músicos, nesse sentido, aprendemos a tocar melhor ao vivo, e a perceber também o que é que resulta mais em termos de arranjos. Tu queres é agarrar as pessoas, não interessa se fazes um solo de dez minutos…

Daniel: …e que temas do reportório é que as pessoas recebem melhor, não é? Uma coisa é termos o disco e sabermos o que é que o nosso primo e os nossos amigos gostam, outra coisa é perceber: ‘vamos tocar esta’, e há uma reacção.

Fred: Perceber quando é um público que nos conhece, quando é público fã, ou é de Queima das Fitas, em que estão à espera de todos, ou do Quim Barreiros, e depois chegam os HMB. (Aprendemos também a) gerir falhanços, que às vezes não são da nossa parte, mas tipo, o inesperado acontece, às vezes cai a luz, apaga-se a luz, aconteceram-nos já inúmeras coisas e esse ‘cabedal’ de estar em palco e nunca dar parte de fraco, vem da estrada. Aprendemos a lidar com a exposição, aprendemos o jogo da venda de bilhetes em Portugal, que é um mercado muito pequenino. Estamos no mesmo mercado que o Samuel Úria, que o Quim Barreiros, que os Expensive (Soul), que o Richie Campbell…Há um mercado. Ou estás num circuito paralelo, ou então só há um mercado. Aprender isso, ir delineando objectivos tendo em conta esse universo finito. Acho que aprendemos isso tudo, e aprendemos a ganhar força, e a gostar do que fazemos, a apaixonarmo-nos mais pelo que fazemos, e a querer fazer mais e melhor. Deu-nos crescimento em todas as dimensões.

 

 

A identidade da banda vive de nós todos, mas ele é sem dúvida o capitão, e é uma honra ter um capitão poderoso em todos os sentidos, mesmo. – Fred

 

Daniel: Acho que esta pergunta deu para a entrevista toda! (Risos)

Fred: Acima de tudo, uma das coisas incríveis foi ver o Héber crescer em palco. Foi giro vê-lo crescer nos bares, e depois estar perante um monte de gente e liderar-nos. Podemos estar cheios de pica, mas se o Héber está num dia não, nós não conseguimos. Agora, quando ele está ‘lá’, e está cada vez mais lá…por exemplo, no outro dia mandar-nos fazer uma coisa para uma empresa, um lançamento de uma marca, e normalmente são umas coisas assim mais apagadas. Chegámos lá, ao fim da primeira música, o Héber estava no público! Acabou toda a gente em palco, numa coisa ‘corporate’, estás a ver? Ele é mesmo um músico e um compositor incrível. A identidade da banda vive de nós todos, mas ele é sem dúvida o capitão, e é uma honra ter um capitão poderoso em todos os sentidos, mesmo.

 

Então o que me estão a dizer é que os HMB chegam a este álbum completamente confortáveis com o seu som e com a presença em palco?

Fred: Sim, mas sempre com vontade de fazer mais e melhor, acho que é esse o nosso lema.

Daniel: Aliás, já temos músicas na manga para começar o terceiro…

 

Vão no caminho do que fizeram neste trabalho, ou ainda é muito cedo para saber?

Daniel: Não sabemos…

Fred: Mas já temos muitas canções, por acaso. Algumas que não entraram neste disco, e outras que surgiram entretanto. Mas em palco sim (estamos completamente confortáveis), agora alargamos o alinhamento de músicos. Já tentámos ir com sopros, porque no primeiro disco tínhamos muitas músicas com sopros e fica um concerto muito fixe, mas é caro, meu! (risos) Abre a logística, tens de levar mais pessoas a dormir, mais pessoas a movimentar na estrada…é uma chatice, mas é uma realidade, e a pessoa também tem de lidar com isso. Mas conseguimos meter mais uma voz, que é a irmã do Héber. Já tínhamos um cantor, que é o Enoque, a fazer vozes e percussões, e agora metemos a irmã do Héber a cantar connosco, e isso também dá mais um acrescento. É tudo família, todas as pessoas em palco são amigas, damo-nos todos, chateamo-nos uns com os outros, e adoramo-nos.

 

Vocês têm vários convidados também neste álbum, como Samuel Úria, Da Chick, Sir Scratch, ou DJ Ride, que vêm de áreas musicais completamente distintas. Sentem que isso representa o vosso som, ou convidaram-nos porque queriam acrescentar algo que não tinham?

Daniel: Varia um bocadinho de caso para caso. No caso do Samuel Úria, até um convidado um bocado improvável, mas realmente naquela música até fazia algum sentido para nós chamá-lo, e ele é amigo da malta há muitos anos, ele já estava para participar connosco num concerto há muito tempo. Acho que esta oportunidade surgiu de uma forma natural, apesar de ele ser o convidado que mais se distancia do nosso som. Felizmente também resultou bem, e a temática da canção também tem um bocado a ver com ele. Em relação à Da Chick, ela encaixou ali como uma luva, foi mesmo: ‘o que é que faltava aqui? Fixe era ser a Da Chick’. Era mesmo ela que a gente queria, aquela voz, aquela atitude.

Fred: Era ela ou não era ninguém. Ela nunca tinha cantado em português, a letra era nossa, e quando a gente escreveu aquilo, quando chegámos ao estúdio, foi mesmo mesmo: ‘bem, isto é mesmo aquela onda irreverente, underground, aquele flow dos anos 80’, e ela sem ouvir disse: bora!

Daniel: O Sir Scratch, a gente convidou-o para um tema um bocado mais hip-hop, e acho que se enquadrava um bocado mais. É um MC que a gente gosta muito, gostamos muito do flow dele.

Fred: É um gajo talentoso, acima de tudo a improvisar. Cá, não conheço melhor, é mesmo incrível.

 

É justo que as coisas corram desta maneira, porque a música é fresca, é boa, acreditamos que o disco em si, como obra, representa o que sabemos fazer melhor. – Fred

 

Tendo em conta essa preparação que tiveram, e tudo o que aprenderam, estavam à espera do sucesso do «Feeling», do álbum, e de esgotar o concerto de apresentação?

Fred: Olha, no outro dia fomos fazer uma participação no Factor X com os concorrentes todos e a maneira como ele respondeu à pergunta, é sem medos mas é real: nós trabalhámos muito, e acreditamos muito no que fazemos, então este sucesso vem de um trabalho com muita fé. De certa forma estávamos à espera. É justo que as coisas corram desta maneira, porque a música é fresca, é boa, acreditamos que o disco em si, como obra, representa o que sabemos fazer melhor. Sem dúvida que trabalhámos para isso, e achamos que há ainda muita canção para fazer sucesso neste disco. Obviamente que a dimensão do sucesso é sempre inesperada, e nós vamo-nos apercebendo a pouco e pouco do impacto que a canção e que o disco estão a ter, mas sem dúvida que é fruto de um trabalho em que a gente acreditava, e é mesmo esperado.


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