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José Cid lança «Menino Prodígio» e garante: «Este é o meu som»

©José Cid fotografado por Carlos Lima

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José Cid lança «Menino Prodígio» e garante: «Este é o meu som»

José Cid acaba de lançar «Menino Prodígio», álbum cuja capa o mostra na infância, recebe o nome de um tema autobiográfico, e o afasta das baladas. «Este é o meu som», garante ao MYWAY, enquanto conta que os próximos trabalhos vão continuar pelo mesmo caminho. Crítico e assertivo, é precisamente no que tem pela frente que José Cid se foca, e fala sem lamentos da vontade de internacionalização, e dos «muitos álbuns» que tem em perspetiva.

 

MYWAY: Está a lançar o álbum «Menino Prodígio». É de alguma forma autobiográfico?

José Cid: O tema «Menino Prodígio» é, mas o álbum não, de forma alguma. O álbum é cheio de poesia de objeção de consciência, ideias novas, debate de ideias. O próprio álbum é mais roqueiro do que o tema «Menino Prodígio», só que nós escolhemos «Menino Prodígio» porque é um bocadinho a história da minha vida, numa altura em que toda a gente fala de José Cid, quer ir ver José Cid, e não sei quê…achei que era engraçado alargar essa ideia e escrever um tema que seja autobiográfico, mas só esse tema é que é. O resto é de debate de ideias, bastante à frente até de alguns álbuns que eu tenho gravado de algumas décadas a esta parte.

 

 

MYWAY: O que é que o levou a enveredar por este som?

José Cid: Este é o meu som. É um som que eu aproveitei por estar em estúdio só com um baterista, que é o Luís Varatojo – que esteve no projeto inicial dos Pólo Norte – e depois um super guitarrista a tocar comigo, que é o Chico Martins. O Chico Martins é formado com 20 valores pela «Berklee School» americana, portanto é um super guitarrista em qualquer parte do planeta. Alguns temas são perfeitamente feitos à medida para ele brilhar. Por exemplo, «Na Minha Guitarra», já através do Facebook teve um elogio fantástico do Steve Hackett, dos Genesis, e no «Blah Blah Blah» ele tem um solo de guitarra que é memorável e histórico para o rock português de todos os tempos. Eu basicamente toco mais órgão Hammond do que pianos. Era altura de eu fazer um álbum destes, uma vez que venho do balanço de o «Dez Mil anos depois entre Vénus e Marte» ter passado em algumas salas de Portugal (e vai ter DVD já em junho). Conclusão, este álbum reflete um bocadinho a minha forma atual, e acompanha em termos musicais aquilo que é o José Cid um bocadinho fora das baladas, fora dos contextos de canções e álbuns anteriores.

 

MYWAY: Sente que esta nova vaga do psicadelismo fez justiça ao «10 000 Anos Depois Entre Vénus e Marte»?

José Cid: Completamente. A não ser o João Gobern, que não gosta. Mas claro, o João Gobern sabe muito mais de música do que eu, portanto, quem sou eu para contestar o João Gobern. De resto, a emoção da Aula Magna, a emoção do Vilar de Mouros, e recentemente a emoção da Casa da Música foi brutal – dos seis concertos que eu fiz do «10 000Anos…» foi talvez o mais perfeito. Já agora, que estamos a falar dos «10 000Anos…», aproveito para anunciar que no dia 11/7 vamos tocá-lo ao vivo nas Ruínas de Conímbriga, e provavelmente, com um esforço grande da Câmara de Condeixa, no dia seguinte estará o Steve Hackett com o «Old Genesis Project», em que cantam e tocam todos os antigos temas dos Genesis. Isto é para te dar uma ideia de que a reação foi de muita justiça, e não só a nível nacional, como mundial, já. Abrimos um Facebook só para o «10 000 anos…», mais virado para o estrangeiro, e estamos a tentar divulgar a obra, uma vez que é o meu álbum mais internacional.

 

Eu gosto de rock que seja interventivo, que seja objetor de consciências, e que avance. Que seja jovem, não pela atitude dos músicos em palco, mas pela poesia e pela atitude que esse rock transmite. A ideia de «fazer papel de músico» está muito na moda, e às vezes não estão a tocar nada. É só teatro. Não confundir teatro com música.

 

 

MYWAY: Voltando ao «Menino Prodígio», este rock que apresenta agora é o que sempre quis fazer?

José Cid: É um álbum que eu gosto. Eu não gosto de rockabilly, gosto de rock com texto. Não gosto do rock que tem guitarras com distorção, mas poesia completamente cor de rosa. Eu gosto de rock que seja interventivo, que seja objetor de consciências, e que avance. Que seja jovem, não pela atitude dos músicos em palco a andar com os cabelos à volta, mas pela poesia e pela atitude que esse rock transmite. A ideia de «fazer papel de músico» está muito na moda, e às vezes não estão a tocar nada. É só teatro. Não confundir teatro com música.

 

 

MYWAY: Foi por isso que foi recuperar um tema dos Quarteto 1111, o «Blah Blah Blah»?

José Cid: O «Blah Blah Blah» é um tema do Tozé Brito e meu, e esta recuperação é muito engraçada, porque a música está outra vez muito à frente da época em que foi gravada. Agora são outros músicos, mais jovens, com uma atitude mais perfecionista, e eu próprio acho que estou a cantar melhor do que no original. Conclusão, resultou num tema muito bom.

 

MYWAY: Este disco conta também com uma versão de um tema dos Aerosmith, porque é que decidiu inclui-lo?

José Cid: Eu no ano passado fui convidado pela RFM para fazer o «Sem Palheta», e foi o tema que eu cantei. Por brincadeira, era o tema que eu desde o princípio dos anos 2000 cantava sempre que houvesse karaoke. Como eu dominava muito bem o tema, decidi cantá-lo, mas de forma completamente diferente do original, que é um tema muito bonito, um bocadinho pop cor-de-rosa, mas grande tema, e eu dei-lhe uma volta muito à frente. É uma versão que eu acho que é digna, e tem surpreendido muita gente, inclusivamente porque eu faço uma versão no mesmo tom que o vocalista dos Aerosmith, o que é complicado. Gosto muito do tema, é um desafio. Normalmente eu incluo sempre um tema em inglês em todos os meus álbuns, portanto aproveitei e pus.

 

Embora já velhote, ainda não perdi a esperança que um dia me reconheçam a nível internacional.

 

 

MYWAY: Há algum motivo para ter sempre um tema em inglês nos seus álbuns?

José Cid: É, porque eu, embora já velhote, ainda não perdi a esperança que um dia me reconheçam a nível internacional. Então, vou gravando sempre um tema em inglês, que depois vou juntando. Neste momento tenho já sete ou oito temas que posso mandar tentar para uma editora, particularmente em Inglaterra, porque são muito abertos a novas ideias. Se calhar agora com mais tempo vou juntar os temas que tenho em inglês e em espanhol, e tentar o mercado inglês e espanhol. Tentar não é pecado nenhum, é tudo muito difícil aqui em Portugal, mas se tentarmos…já é uma esperança.

 

MYWAY: Ainda se sente o «Menino Prodígio»?

José Cid: Eu sou só o epitáfio desse menino prodígio. O menino prodígio morreu na altura em que era menino, e quando morreu, transformou-se qual «Fénix renascida» no José Cid, e o José Cid representa o papel desse menino prodígio que já não existe. Mas existem muitos meninos prodígio pelo mundo inteiro, hoje cada vez mais, porque as crianças hoje têm muito mais informação, muito mais acesso a tudo, e podem ser muito mais precoces do que éramos na minha geração.

 

O futuro somos nós próprios que o desenhamos, e construímos contra o destino. O meu futuro em termos musicais são muitos álbuns que eu tenho em perspetiva

 

MYWAY: Então não tem uma visão derrotista do futuro?

José Cid: Nenhuma! Eu sou aquariano, e além de dizer que o futuro a Deus pertence, o futuro somos nós próprios que o desenhamos, e construímos contra o destino. O meu futuro em termos musicais são muitos álbuns que eu tenho em perspetiva.

 

MYWAY: Sim? Já pensa nisso?

José Cid: Não penso, já tenho. Tenho praticamente o «Vozes do Além», que é também de rock sinfónico e tem lançamento previsto para 2016, e é um álbum que vai sair só em vinyl, com uma edição limitadíssima, e um álbum como este, para o grande público, e que se chama «Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid», e já está muito avançado. Vai ser roqueiro, mas menos que este, mais dentro da linha Beatles.


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