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Lotus Fever: «A única coisa que podemos prometer é o nosso trabalho»
Os Lotus Fever lançaram o álbum «Search For Meaning», e levam-nos na viagem progressiva de uma banda que não limita os ouvidos ao óbvio. Falámos com eles, mas não encontrámos o significado. Isso, explicam-nos, fica para cada um dos ouvintes.
Ao longo do álbum inteiro exploramos diferentes registos, diferentes sons
MYWAY: O vosso primeiro álbum chama-se «Searching For Meaning». A música é uma forma de encontrarem significados?
Lotus Fever: Não sei, se calhar, talvez! Não foi uma escolha racional ao ponto de dizermos: ok, estamos à procura de um significado para a nossa música, por isso vai chamar-se «Search For Meaning». Não foi essa a intenção, mas podemos tirar essa conclusão, claro. Ao longo do álbum inteiro exploramos diferentes registos, diferentes sons, e podemos tirar essa conclusão, se bem que, as próprias letras, a temática…há mais para explorar além disso, no nome, mas isso deixamos para as pessoas.
MYWAY: Pelo que pude ouvir, a vossa música é muito detalhada, e como disseram, pode tirar-se muitos significados dela. Ao ouvir as canções no álbum, sentem que o resultado é o que tinham em mente quando as criaram?
Lotus Fever: Mais ou menos. Todos imaginamos a música à nossa maneira, e mesmo depois de já termos a música construída, digamos, no imaginário da banda, mesmo assim, nenhum músico estará a 100% satisfeito com a música. Seria sempre um processo de aperfeiçoamento que nunca iria ter fim. Se estamos totalmente realizados, sim, estamos contentes. Adoramos o álbum, não ficámos desiludidos com nada.
Adoramos o álbum, não ficámos desiludidos com nada
MYWAY: Na vossa página de Facebook, têm uma «rubrica» que é o álbum da semana, e vão publicando músicas de algumas bandas tipo Radiohead, Sufjan Stevens, MGMT…ouvindo essas bandas pode desenhar-se as vossas influências?
Lotus Fever: É um bocado o objectivo do álbum da semana, as pessoas perceberem o que é que estamos a ouvir, o que é que nos influencia…Não tem que ser o nosso estilo, mas…tudo o que se ouve influencia.
MYWAY: Então como é que seleccionam todas essas influências quando estão a criar?
Lotus Fever: Acho que não há uma selecção, é natural. Por sorte, se calhar porque já ouvimos música há muito tempo, também temos uma química engraçada. Ainda há dias, ouvimos todos o novo álbum dos Alt-J, e quando fomos falar uns com os outros, as músicas que mais tínhamos gostado eram duas ou três, e eram comuns a quase toda a gente. Isso facilita muito a tal selecção.
MYWAY: O vosso álbum foi financiado por crowdfunding. Sentem que este tipo de iniciativas é o futuro para quem quer gravar álbuns?
Lotus Fever: É parte do futuro…Nós conseguimos o que queríamos, mas deu para financiar parte do álbum. acho que com cada vez menos apoios, seja por parte do estado, seja por parte de editoras, vai sempre partir do apoio dos fãs, da família, e dos amigos, para fazer álbuns com qualidade, que era o que nós queríamos. A não ser que sejam os artistas a pagar os álbuns completos, não é? De uma maneira, desse ponto de vista, os músicos vão sempre ter que pagar. Até é algo que está mal feito, porque o risco está todo do lado dos músicos, e não das editoras. A indústria está a modificar-se, mas se calhar até no sentido errado. Se calhar estamos a construir as novas editoras discográficas ainda mais fortes que as antigas, e a sugar ainda mais dinheiro aos músicos.
MYWAY: Então não concordam com a ideia que o facto de as pessoas poderem fazer as coisas sozinhas tira um bocadinho do poder às editoras?
Lotus Fever: Os canais estão todos monopolizados pelas editoras. Qualquer pessoa grava em casa, mas para distribuir a música…Os Arcade Fire, ou os Radiohead, são tudo exemplos incríveis de poder distribuir música, ou fazer música sem o apoio das editoras…mas já são bandas com peso. É muito complicado, especialmente em Portugal. Ou estás associado com pessoas que conheçam o meio, que conheçam os canais, os meios de distribuição, ou é muito difícil ter algum sucesso.
MYWAY: Mas vocês têm o objectivo de se dedicarem a 100% à música? Como é que está a correr o álbum?
Lotus Fever: Sim, sim. Não nos podemos queixar, foi um bocado um salto de cabeça, e não olhámos muito bem para as consequências, mas tem sido incrível a resposta até agora. A única coisa que nós podemos prometer é o nosso trabalho, o nosso talento…a partir daí depende imenso do meio em que estamos, se nos aceitam. Não é fácil chegar a muitas pessoas, mas às que chegamos temos tido um feedback muito porreiro. É acreditar que quem faz um bom trabalho e se esforça ainda pode ser bem recompensado.
MYWAY: Vocês estão a apresentar este álbum ao vivo, o que é que se pode esperar dos vossos concertos?
Lotus Fever: Eu acho que são músicas que vão funcionar muito bem ao vivo. O álbum tem uma sonoridade muito densa, e ao vivo não vai viver tanto disso, mas mais da força que as músicas têm, têm pica, têm ritmo.
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