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Mahmudi: «Sou uma operária de música»

Mahmundi
Divulgação

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Mahmudi: «Sou uma operária de música»

Mahmudi abre o segundo capítulo de concertos do «Bloco» que traz três músicos brasileiros a Portugal, seguindo-se a Wado. Falámos com Marcela Vale, que se prepara para fechar em Portugal mais uma etapa da sua carreira enquanto Mahmudi.

 

MYWAY: Está em Portugal para três concertos integrados na série «Bloco», que traz músicos brasileiros ao país. Tem notado algumas diferenças na forma como a música portuguesa e brasileira atravessam o Atlântico?

Mahmudi: Sim, sim. Eu fico muito feliz, e gosto muito dessa junção. Ouço cada vez mais coisas de Portugal. Tenho ouvido até mais alguns artistas de Portugal, trabalhei com o João (Barbosa aka Branko) dos Buraka Som Sistema, e é uma alegria ter um ano e meio de estrada e estar aqui nesse lugar, já.

 

MYWAY: Essa estrada tem-na inspirado para escrever?

Mahmudi: Sim! Hoje fiz um passeio com uma amiga brasileira, e a forma como ela me fala em cantado de Portugal, como as pessoas me tratam, a liberdade que ela tem, a poesia da literatura, também…inspira a gente a querer ficar um tempo mais, e acreditar essas coisas à música, e a tudo o que a gente acredita. É um lugar inspirador. Em pouco tempo eu já percebo isso.

 

MYWAY: Tem planos para um novo disco?

Mahmudi: Disco, provavelmente vem segundo semestre. Aí, essas visitas a outros lugares a gente pensa até em colocar uma coisa mais, e ele demora um pouco mais, isso pode acontecer. Mas ele está previsto para julho.

 

MYWAY: As paisagens e as pessoas inspiram-na mais do que as músicas dos outros?

Mahmudi: Sim, me inspiram. O que me inspira mais a fazer música é o quotidiano em sim, das pessoas, como as pessoas se relacionam, como elas vivem. O trabalho musical, eu sempre faço a partir de algumas referências que eu já tenho, ou que tenho feito com os músicos agora, mas acho que essa parte da vida, do jogo das palavras, é o maior trunfo desse projeto. Além da sonoridade, que eu tento que seja única, mais abrangente do que essa coisa do Brasil, que é um pouco mais específica.

 

MYWAY: Já tem ideia de como vão soar essas canções?

Mahmudi: Ainda não! Nesse momentos dos shows que a gente tem aqui, a gente faz as canções dos dois EPs, juntamente com uma nova chamada «Sentimento» – com a qual ganhei um prémio no Brasil – e ainda estou pensando nessa nova cara de Mahmudi. A cada disco você vai escrevendo um livro, essa é a relação que eu tenho com a música, é sempre um novo livro que você doa para as pessoas, e acaba esvaziando um pouco de você. Acho que nessa parte do processo eu vou pensar com mais calma, e vou aproveitar esse momento, agora.

 

MYWAY: Esse livro fecha-se quando acaba a digressão?

Mahmudi: Sim. Eu vejo muito assim, né? São dez capítulos da sua vida, da vida dos outros, eu acho que essa tournée em Portugal vai ser meio que o último capítulo, para finalizar, e vai finalizar muito bem. Traz um ar fresco a tudo o que a gente tem planeado. Estou muito feliz, bem feliz por estar aqui!

 

Depois desses dois anos de muito trabalho, eu sinto que estou começando agora, com a mente mais aberta a descobrir que a vida é uma aprendizagem, e tem muita música para ouvir, e muita música para viver.

 

MYWAY: Qual é o balanço que faz destes anos de digressão?

Mahmudi: Antigamente eu era uma menina cheia das vontades de fazer música para mudar um pouco a cara das pessoas, e da vida. Hoje em dia, eu penso em fazer uma música que conecte com outros ideais, pensando em pessoas que gostam de música, pensando em pessoas que gostam de se divertir ouvindo música, de dançar ouvindo música, de chorar ouvindo música. Quanto mais você vai cavando, vai descobrindo novos caminhos. Quanto mais a gente descobre coisas, mais a gente não sabe, mais se dá conta que existe muito para aprender. Depois desses dois anos de muito trabalho, eu sinto que estou começando agora, com a mente mais aberta a descobrir que a vida é uma aprendizagem, e tem muita música para ouvir, e muita música para viver. No final vai ser sempre assim, né?

 

MYWAY: Falou há pouco do prémio que a música «Sentimento» recebeu. É o segundo ano consecutivo que a sua música recebe esse tipo de prémio, e também tem vindo a ser apontada como uma grande aposta da música brasileira. Esse tipo de reconhecimento afeta-a?

Mahmudi: De alguma forma, sim. Eu costumo enfrentar isso como trabalho, e tento me emocionar, claro que faz parte do ego do artista receber esses elogios. Eu me sinto desafiada por ter 27 anos de idade ser uma aposta no Brasil. Isso me dá força, e não me dá muito peso artístico. Eu me sinto no lugar de trabalhar para fazer música. Sou uma operária de música, sou uma operária de arte como as pessoas que admiro, como os escritores que leio, como os filmes que vejo. Sinto que quando as pessoas falam que trabalham para a arte parece que é meio frio, e que não pode ser, mas eu acho que pode ser. Tem uma emoção, não é tão mecânico assim, e eu me sinto nesse lugar, de ser uma nova artista do Brasil trabalhando para que a música conecte mais longe. Tem romantismo ainda nessa frase, apesar de encarar como trabalho, tenho sonhos ali. Então, o que sinto é que tenho de arregaçar as mangas e trabalhar mais.

 

Concertos de Wado em Portugal:

08/Abril – Musicbox – Lisboa – 22h30 (bilhetes a 12 euros // passe geral «BLOCO» a 20 euros)
09/Abril – Centro Cultural de Ilhavo – 22h (bilhetes a 5 euros)
10/Abril – Passos Manuel – Porto – 22h30


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