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NOS Alive: o primeiro dia
Começou ontem mais uma edição do NOS Alive. Num dia esgotado há um longo mês e meio, a multidão começou a reunir-se logo pelo início da tarde, numa colheita de brindes e experiências musicais, que começavam desde a entrada do festival (com o imparável pórtico) até ao Palco NOS, o maior e mais longínquo do certame. Os Muse dominavam o cartaz – e deram-se como culpados pelo polémico esgotar dos bilhetes – mas a festa fez-se um pouco por todos os palcos, com especial destaque para o Heineken, que no seu papel de palco secundário, apresentou um cartaz forte e coerente até ao final da noite.
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Pelas seis da tarde, os Wombats abriam o palco principal com a sua energia british, propagando o indie de Liverpool que já se afasta do rock dos conterrâneos Beatles. Mas na sua playlist fazem apenas referência aos Joy Division, celebrando a ironia de ser feliz a ouvir a melancolia das suas letras com «Let’ Dance To Joy Division», já no ultimo tema. Antes disso, houve álbuns antigos, singles mais recentes e músicas por estrear. Mas a maior estreia de todas foi mesmo a da própria banda britânica.
Mas se pela plateia do palco NOS eram as nacionalidades a dividir a homogeneidade (de chapéus brancos) do público, no Palco Heineken a situação era um pouco diferente. Em Young Fathers, vencedores do merecido Mercury Prize (prémio que elege o melhor álbum do ano no Reino Unido), não havia nada a ligar as pessoas senão a música. E em palco, os quarto elementos provavam-se como os Alt-J e o James Blake já o fizeram no passado. Um concerto cheio de garra, energia e poder, patrocinado por um hip hop alternativo da Escócia.
James Bay estreou-se nos palcos portugueses e confessou-se surpreendido com a receção. A primeira vez do cantor não podia ter corrido melhor. O final de tarde no palco NOS, abriu com o tema «Craving», ao qual se seguiram músicas que já são sucessos de Bay, como «If You Ever Want To Be In Love», «Let It Go» e «Hold Back The River». Uma multidão encheu o espaço para ver o pôr do sol ao ritmo da guitarra que James tocava como se fosse a sua namorada, a fazer lembrar um concerto de John Mayer.
Ben Harper, acompanhado pelos Innocent Criminals, entrou numa versão mais instrumental para agitar o ambiente. Mas foi quando o ritmo começou a abrandar, ao som de «Diamonds On The Inside», que o público se sentiu mais envolvido. Como nos disse a Flávia, de 31 anos, «é pena ele não interagir muito com o público». Já o Francisco, de 22 anos, compensou dizendo que foi «um bom início para uma grande noite». Opiniões à parte, Ben Harper, apesar de distante, continua em forma. Contudo, esteve longe de ser o ponto alto do dia.
Um ano depois da passagem pelo Super Bock Super Rock, os Metronomy tomaram conta do Palco Heineken, logo depois da hora de jantar. Com uma noite caída e afirmada, o grupo inglês garantiu a festividade e a efusividade que não esteve presente no mesmo concerto solarengo do ano anterior. «English Riviera», primeiro álbum dos Metronomy, esteve tão infiltrado no alinhamento como o novo «Love Letters». E ao vivo, neste NOS Alive, o grupo britânico garantiu ritmo e vibração suficientes para garantir que, naquela plateia lotada, os pés não se ficariam pelo chão.
Depois de um intervalo para as pessoas dispersarem e encherem a barriga, os britânicos Alt-J voltaram a condensar a multidão pelas imediações do Palco NOS por volta das 22h30, quando ainda os Metronomy agitavam o Palco Heineken. No principal, pelo contrário, acalmavam-se os ânimos com a alegre serenidade do trio britânico, que ali se dedicava a encantar a audiência com os seus dois álbuns editados. O feliz (e para sempre adorado) «An Awesome Wave» – que lhes valeu em 2012 um Mercury Prize – e o ainda novo «This Is All Yours», disco mais profundo e sombrio, onde a alegria das harmonias se aliam às dores do passado. Do alinhamento fizeram parte quase todas as faixas do grupo, alternando entre êxitos novos e antigos, como «Hunger Of The Pine» e «Matilda», deixando espaço para as novas faixas melancólicas sorrirem às mais antigas.
O ponto alto da noite foi, sem dúvida, Muse. Os super repetentes em palcos nacionais, mas estreantes no NOS Alive, iniciaram a sua rota musical com a musica «Psycho», do novo álbum «Drones». A partir daí foi uma invasão de sons de guitarra eletrizantes e uma bateria louca. «Plug in baby», «Starlight», ou «Hysteria» foram os clássicos que habitualmente tocam ao vivo. Ainda do álbum «Drones», ouviram-se e destacam-se as músicas «Dead Inside», «Drones» e «Mercy». Matthew Bellamy, para além de vocalista desta banda, é também um músico com uma presença muito forte. Se Ben Harper não interage com o público, Bellamy não precisa de o fazer. Provavelmente partiu uma guitarra a meio do concerto, quando a atirou para o chão, e foi com uma bandeira de Portugal na cabeça (a fazer de fantasma) que se despediu do público do NOS Alive, depois de cantar «Knights Of Cydonia». Terminou assim a primeira noite no palco principal do festival e logo à noite há mais!
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