Tribruto: «sentimos a necessidade de estar sempre a experimentar coisas novas»

Os Tribruto são uma das mais recentes apostas do hip-hop nacional. Vindos do Algarve, RealPunch, Kristóman, e Gijoe fazem rap com humor, e levam a técnica muito a sério. Fomos falar com RealPunch para saber mais sobre estes «Três Brutos».

MYWAY: O vosso álbum mais recente tem um tom muito cómico, mas nas vossas entrevistas percebo que levam a técnica muito a sério. Dá muito trabalho criar chavascal?

RealPunch: Sim, é um processo que demora, até atingir essa técnica que trouxemos para o «Chavascal». Posso dizer-te que em relação ao nosso primeiro álbum, o «Algazarra», nós demos um pulo enorme a nível técnico, tanto na parte da rima, como na parte instrumental, que ficou a cargo do G.I Joe.

MYWAY: Vocês têm várias colaborações neste álbum, que dizem ter surgido na estrada. A estrada também vos deu esse know-how que vos fez evoluir de um trabalho para o outro?

RealPunch:  Sem dúvida! Nós costumamos dizer que somos um grupo que nasceu no palco para o palco. Claro que quando começámos éramos muito verdinhos, e com esta experiência que adquirimos na estrada conseguimos adquirir novas técnicas. Também em conversa com as participações que temos no álbum, que são pessoas das quais sempre gostámos como ouvintes – antes de tudo – e que conseguimos trazer para o nosso álbum.

MYWAY: Sentem-se melhor em palco do que em estúdio?

RealPunch:  Nós costumamos dizer que sim, que é em palco que nos sentimos bem, e não é mentira nenhuma. Mas também nos sentimos bem no estúdio, porque nós anteriormente já tínhamos as nossas carreiras a solo, e juntámos tudo neste bolo. É claro que Tribruto ao vivo sente-se muito melhor, mas também temos capacidade para estar no estúdio, e gostamos de estar no estúdio.

MYWAY: Não há assim muitos grupos e rappers com o vosso estilo em Portugal. Vocês sentiram necessidade de o trazer para cá, ou foi algo que vos surgiu de forma natural?

RealPunch:  Foi uma coisa que surgiu naturalmente. Tanto eu como o Kristóman a solo já tínhamos esta componente mais funny. Sempre existiu em Portugal o rap de punchline, a questão é que esta vertente – se é que lhe podemos chamar vertente – nunca recebeu muita atenção. O rap sempre foi mais associado à parte da intervenção social, da crítica, e por aí fora. Para nós foi uma coisa que surgiu naturalmente. Nós costumamos brincar e dizer que este é um rap tão real como os outros, porque nós estamos sempre a gozar, somos pessoas bem dispostas, sempre prontas para fazer rir, e para rir das situações.

MYWAY: O vosso primeiro single oficial chama-se «Três Brutos», e as vossas letras também são bem diretas e frontais. Como é que tem sido a reação das pessoas a isso?

RealPunch: A reação tem sido super positiva! Nós já tínhamos a perceção que havia pessoal que gostava deste estilo de música. Acho que posso falar por eles todos quando digo que nós temos um trabalho que demorou o seu tempo, está super bem pensado, e os nossos objetivos a nível de atingir as pessoas estão a ser concretizados. As pessoas estão a receber bastante bem o nosso trabalho.

MYWAY: Vocês vão continuar a trabalhar na promoção do «Chavascal», ou já andam a prepara mais músicas?

RealPunch:  Nós vamos continuar a promover o «Chavascal», estamos com alguns videoclipes na calha, vamos continuar a tocar ao vivo, mas já estamos a preparar coisas novas. No Lux (na primeira parte do concerto de Regula) já tivemos a oportunidade de mostrar duas faixas que estávamos a preparar, porque sentimos a necessidade de estar sempre a trabalhar para mostrar coisas novas, e subir sempre um nível.

MYWAY: Têm noção do sentido do vosso som em relação ao que aí vem?

RealPunch:  Neste momento estamos a experimentar novas sonoridades. A nível individual estamos a ouvir coisas completamente diferentes uns dos outros, por isso temos tentado reunir essas influências sempre que nos encontramos em estúdio. Provavelmente, nos próximos tempos iremos lançar algo novo, e posso dizer que pelo menos uma faixa que estamos a pensar tem um estilo completamente diferente daquilo que temos estado a apresentar.

MYWAY: Em que sentido?

RealPunch:  A nível de musicalidade. A nível de escrita continua lá, a nível de flow também segue a mesma onda, agora a nível de musicalidade estamos a tentar encontrar algo novo. Nós gostamos de experimentar, e sentimos a necessidade de estar sempre a experimentar coisas novas, mantendo a nossa identidade firme, claro.

MYWAY: Estavas a falar dos videoclipes, e pelo que percebo, esse lado também é importante para vocês. É importante terem a imagem ligada à música?

RealPunch:  Sem dúvida! Sempre foi algo que nos ajudou a estabelecer a nossa posição no princípio, e é algo que fazemos questão de tentar inovar o máximo possível. Seja a nível de fotografias, seja de vídeos, e redes sociais, é algo que sentimos sempre necessidade.