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B Fachada: «O que fiz no ano sabático foi para o lixo»

B Fachada por Nádia Dias
©Nádia Dias

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B Fachada: «O que fiz no ano sabático foi para o lixo»

Fachada regressou à música depois de pouco mais de um ano sem concertos, em que diz só ter largado a música durante um mês. Com um novo álbum pronto, e outro já a ser preparado, o músico conta que sente não ter nada a provar, e conclui: «o meu papel não é inventar nada quando escrevo uma canção».

MYWAY: Acabaste de regressar à música depois de uma pausa sabática, como é que te tens estado a habituar a este regresso à «rotina musical»?

B Fachada: Muito bem, eu tive que me habituar foi a estar parado. Está-se bem, já é um processo sem espinhas, hoje em dia.

MYWAY: Neste tempo em que não deste concertos estiveste a criar as canções que agora tens vindo a apresentar, mas houve alguma parte em que estivesses mesmo parado, sem tocar na música?

B Fachada: Não…Quer dizer, no primeiro mês. Depois comecei a fazer, foi é quase tudo para o lixo, mas fiz. As canções que estou a apresentar agora são todas deste ano, o que fiz no ano sabático foi tudo para o lixo. Este ano, então, começou a ficar definitivo, e depois comecei a tocar.

MYWAY: Tu foste pai pela segunda vez, um dos teus filhos tem aparecido em pequenos vídeos e fotografias da criação das novas músicas, imagino que tenha alterado o teu processo de composição, porque as rotinas são completamente diferentes…

B Fachada: Sim, comecei a compor de manhã (risos). Comecei a compor quando eles estão na escola, em vez de o fazer à noite, basicamente foi isso.

MYWAY: Para além dessa mudança nos processos de composição, mudou de alguma forma a tua visão sobre a música?

B Fachada: Ah, isso acho que não. Uma pessoa organiza-se mais, fica mais organizada, até se reflecte mais do que propriamente se mudasse a minha perspectiva. Acho que o que influencia o trabalho prático tem mais influência do que a parte teórica.

«Acho que não tenho que provar nada, não tenho que ter um ritmo fixo, vou fazendo. Não vou obviamente começar a fazer um disco de quatro em quatro anos,  mas não vou ter pressa de os fazer».

MYWAY: Antes desta pausa, o teu ritmo de edição era muito regular. Vais continuar com esse ritmo, ou agora mudaste?

B Fachada: Agora acho que não tenho que provar nada, não tenho que ter um ritmo fixo, vou fazendo. Não vou obviamente começar a fazer um disco de quatro em quatro anos, isso não vou, mas não vou ter pressa de os fazer. Se calhar isso até vai resultar em fazer mais, do que fazer menos (risos), porque tinha realmente esse ritmo fixo de acabar de gravar um disco e marcar o estúdio para o disco a seguir. Foi assim durante uma data de discos, e a partir de agora já não é assim, mas eu tenho o meu ritmo de trabalho, não vou agarrar-me às coisas como se fosse outro gajo, vou continuar a fazê-las à minha maneira.

MYWAY: Estas novas músicas que já tens vindo a apresentar têm muitos samples, e são à base do teclado e de uma MPC, é isso que vamos poder ouvir no disco?

B Fachada: O disco já está feito, são aquelas músicas. Tem uma parte samplada, e depois o resto dos instrumentos à volta.

MYWAY: Como é que chegaste a essa ideia de usar mais os samples, algo que não fazias anteriormente?

B Fachada: Primeiro é por isso, porque ainda não tinha usado. Depois, a ideia de parar um ano era precisamente para ouvir mais música outra vez, e ler mais uns livros, portanto é natural que as primeiras coisas que saem depois disso sejam mais referenciais que o normal.

MYWAY: A literatura também te influencia na música?

B Fachada: Sim, sim. Muito.

 

«O meu papel não é inventar nada quando escrevo uma canção, é juntar as partes, relacionar coisas que não estavam relacionadas»

MYWAY: De que forma é que o que leste durante este tempo influenciou as novas canções que criaste?

B Fachada: Em tudo, de todas as formas. Há personagens que saltam dos livros para as canções, há sensações, há estilos de descrição, ou jogos de palavras. Salta sempre tudo, o meu papel não é inventar nada quando escrevo uma canção, é juntar as partes, relacionar coisas que não estavam relacionadas. A única parte inventiva é essa, é criar uma ponte entre duas coisas que estão em sítios separados do cérebro.

MYWAY: Agora em Agosto vais actuar no Fusing Culture Experience, que vai ser o teu primeiro festival deste Verão. Vais apresentar mais músicas novas além das que já apresentaste?

B Fachada: Não, o disco são só aquelas, não tenho mais. O disco já ficou grande demais só com aquelas, agora vou fazer mais, mas para outro disco.

MYWAY: Já estás a planear outro?

B Fachada: Sim, acabei este tenho de fazer o próximo.

 

Todas as fotografias são da autoria de Nádia Dias

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