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Chet Faker no Coliseu: Reportagem do dia 3 de julho

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Chet Faker no Coliseu: Reportagem do dia 3 de julho

Três anos após a sua apresentação em terras lusas no Lux e um ano volvido da sua atuação no palco Heineken do Nos Alive, o australiano Chet Faker agendou três espectáculos para o coração da capital: 3 e 4 de julho no Coliseu de Lisboa e 11 de julho no NOS Alive. Com carreira recente, o músico carrega na manga (ou quiçá na inconfundível barba) pequenos grandes trunfos como o EP «Thinking in Textures» e o álbum «Built on Glass». O MYWAY compareceu ao primeiro espectáculo, no passado dia 3 e registou o momento.

Como um filho pródigo, mas que desta vez veio para ficar, Lisboa acolheu pela terceira vez Nick Murphy (vulgo Chet Faker). Durante uma hora e vinte minutos o Coliseu dos Recreios encarnou um cenário de um lugar não geográfico, um espaço semelhante a um lar, que concebeu descontração a velhos amigos, casais, e raros curiosos. Com lotação esgotada, este que foi o primeiro de dois concertos do artista separados por um dia, o ambiente foi de grande expectativa. Composto por um público bastante jovem- entre os 20 e os 35 anos- o convite do cantor surtiu efeitos positivos a uma audiência que, na sua maioria, nos brindou com uma saudável lealdade e um doce apego ao curto legado que Chet possui. Entre brados, danças, aconchegos, todos fizeram a festa, neste espectáculo que contou com um envolvimento mais aconchegante do que o artista nos habituou. E se a maré da sonoridade de Chet puxa para o eletrónico, desta vez vimo-lo remar para as raízes do soul e do rhythm and blues. O australiano abdicou mais dos meios electrónicos (como o sintetizador e a mesa de mistura) para interpretar as canções habituais (incluindo uma cover) de modo mais cru e intimista, com o apoio de um baterista e de um guitarrista. Houve direito a DJ set, mas a viagem foi mais além e o resultado revelou-se primoroso… deixando-nos a sentir «todas as texturas» da sua música, abrindo portas à emoção sedutora que estas transportam, oferecendo uma perspectiva intimista da sua mensagem, que desta vez provou irem para além de simples batidas carpidas das pistas de dança e das estações de rádio.

Todas as fotografias foram cedidas pela Everything is New. Vê aqui a galeria:

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O português Mr. Herbert Quain assegurou a primeira parte no domínio da mesa de mistura, a apresentar a sua música de dança suave e melódica num convite à aglomeração de uma plateia que se encontrava dispersa. A sala estava escura, excepto no palco, que manteve um jogo de luzes azul enquanto Mr. Herbert Quain atuou até às 21h30… o que obrigou a que os telemóveis servissem de guia para o encontro do lugar perfeito.

21h50 e o Coliseu finalmente faz jus aos números que ditaram a lotação. Escuridão total na casa, a multidão em pé não deixa nenhum espaço vago e une-se num típico assobio conjunto e revelador de uma impaciência eufórica, um alvoroço que pouco durou: dois minutos depois surge Chet Faker. Smartphones ao alto, coração para o palco: muitos aproveitaram este momento para erguer os braços e registar o começo do espetáculo. Chet acena à multidão e apodera-se da mesa de mistura com «Cigarettes and Chocolate», o instrumental que inicia como um canto lírico e introduz uma energia volátil e relaxada. Durante toda a atuação, holofotes e um jogo de luzes electrizantes acompanham a batida rítmica, embelezando a atuação.

De seguida, Faker transita para a seguinte música com um curto interlúdio sónico com sonoridades robóticas: é aí que chegam o baterista e o guitarrista que o acompanham. A melodia do interlúdio roça o indie electro pop, com uns toques de funk, onde a bateria é a protagonista. De seguida chega-nos «Melt», que faz Chet dar uso à voz quente e sedutora posicionando-se ao microfone à frente do palco. A proximidade do artista é perceptível, este que quando canta encara uma persona de um homem tímido e encantador que dança com movimentos fluídos e faz trejeitos de mão, mostrando um envolvimento lírico que acaba por oferecer à música uma perspetiva confessional. Lá à frente já se dança e há quem venha para as bancadas fazê-lo, onde o espaço está mais livre e não deixa a desejar. O refrão «Melt my happiness, some kind of fucked up mess» é cantado em coro e a música finaliza com ovações e gritos. Segue «Release your Problems», o público mostra familiaridade mostrando saber as letras da canção. «Vou trazer-vos de volta ao meu primeiro lançamento, Thinking in Textures», diz o músico. «Love and Feeling» gera uma recepção acalorada que no primeiro refrão canta tão ou mais alto que Chet Faker, criando uma atmosfera digna de gravação em estúdio. «Vamos tentar uma coisa nova», diz Chet e parte para uma balada que é uma cover de Moondance, de Van Morrison e o momento mais apaixonante da noite.

«To me» tem direito a um início em acapella e o músico abraça-a com uma expressão frágil e com uma tremenda proximidade, numa das interpretações mais poderosas da noite. Um crescendo de conquista, um marco no espectáculo de final das músicas mais lentas para depois transitar para o registo das pistas de dança. «Quero levar-vos atrás no tempo… esta é uma das primeiras canções que pus lá fora. É um cover», disse. Depois de o afirmar foi «tiro e queda», deu-se o ressalto da histeria conjunta devido às mentes que antecipavam «No Diggity», a cover dos Backstreet que foi lançada no seu primeiro EP e teve um enorme sucesso. Chet lançou um desafio a todos, primeiro, para que se concretizasse, seria necessário alguém para traduzir o seu pedido. Nisto convidou uma fã da fila da frente para ouvir o seu apelo e falar ao microfone: «Disse para porem as câmaras para baixo, para ser uma música sem ninguém a filmar, no escuro», traduziu a jovem. «No Diggity» anima o público que dança e entoa a letra do início ao fim e serviu como grito do Ipiranga para revirar o Coliseu para uma pista de dança. Avizinham-se os maiores sucessos no restante alinhamento, como «Drop the Game», da colaboração com Flume e «I’m into You», do primeiro EP «Thinking in Textures».

«Blush» é interpretada, uma faixa carregada de erotismo e que resulta muito bem interpretada ao vivo com a ajuda das palmas do público nas pausas certas, o que surtiu um efeito mágico. «1998» foi o hino cantado entre movimentos de dança e dispersão da audiência entre o espaço cheio, unicamente para se soltarem e movimentarem melhor. No fim, Chet faz o sinal da paz e sai do palco com a banda por breves momentos, regressando para um encore que tem como pontapé de saída «Cigarettes & Loneliness». Depois de apresentar a equipa de músicos, Chet parte para um registo smooth e sem máquinas, com o acompanhamento da banda em «Dead Body», a faixa que é revestida da pureza do r&b, chegando até a tirar partido da guitarra, tocando o solo. «Gold» foi a próxima a ser interpretada, com uma estética visual incrível a acompanhar: um jogo de luzes que criou um ambiente glamouroso. Por último, ao piano, trouxe-nos «Talk is Cheap», possivelmente a canção mais aguardada. A despedida não passou certamente por «conversa barata», porque foi com «Talk is Cheap» que o público ficou saciado, arrancando o melhor do seu fôlego. «Obrigado. Vemo-nos para a próxima», despediu-se Chet Faker, deixando-nos com a garantia de uma repetição para depois do adeus.


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