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Gerard Way no Armazém F: Rock engravatado

Gerard Way
©Nádia Dias para o MYWAY

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Gerard Way no Armazém F: Rock engravatado

Gerard Way regressou a noite passada uma Lisboa que lhe é familiar, mas desta vez o cenário era diferente. Com os My Chemical Romance, Way actuou perante um Coliseu de Lisboa cheio, e no Festival NOS (na altura Optimus) Alive. Desta vez, o músico despiu a teatralidade, vestiu o fato e a gravata, e subiu a um palco mais pequeno, numa sala a meio gás no que diz respeito a comparências, mas a todo o vapor na intensidade.

Com o álbum «Hesitant Alien», Way quis voltar atrás, e deixar-se influenciar pelas mesmas canções que o marcaram enquanto cresciam. O resultado em disco, e que se traduz no palco, é uma obra sem medo das guitarras, a fugir do carimbo «emo» que os My Chemical Romance lhe trouxeram, mas que não perde o glamour, e uma certa raiva e catarse que a banda, mais conceptual e aparatosa, trazia. Gerard Way está mais velho, mas pelo que pudemos observar, o seu público não. No Armazém F, a plateia era essencialmente constituída por raparigas jovens, que celebravam em euforia as escassas referências aos My Chemical Romance, mas sabiam as novas canções de cor. «Obrigado por serem fixes e ouvirem as músicas novas. Não vou tocar nada antigo, mas daqui a uns tempos estas vão ser as antigas», dizia Way, com humor, antes de apresentar «Maya The Pshychic».

O primeiro concerto a solo de Gerard Way em Lisboa durou pouco mãos de uma hora, e foi eficaz na sua missão. O músico mostrou que não é por estar mais crescido – como sublinhou o fato de homem de escritório – que perdeu a inquietude. «The Bureau», que abre o disco, abriu o concerto com a toada dramática que o identifica, enquanto «Drugstore Perfume» – que o músico considera ser a sua versão do clássico «Common People», dos Pulp – cheira a hino emotivo de estádio. A intensidade emocional transpira também para «How It’s Going to Be», e «Millions», que juntamente com «Juarez», e o combativo «No Shows» se tornam as canções que melhor incorporam as intenções rock and roll de Way, o mesmo homem que se disse envergonhado por ter saltado para crowdsurfing aos 37 anos: «Não tenho piadas para vos dizer. A piada é esta, um homem de 37 anos a fazer crowdsurfing».

Além das canções do álbum, houve ainda espaço para uma emotiva interpretação de «Ambulance», tema que deveria ter feito parte de um álbum dos My Chemical Romance que não chegou a acontecer, e «Snakedriver», versão de Jesus and Mary Chain.

Entre canções, e por causa delas, Way fez referência à vontade de sair de casa, que diz ter sentido muito cedo, e à dúvida sobre o que o futuro, antes de «How it’s going to be», que disse ter tido até aos 25 anos, porque achou «que não estaria vivo nessa altura». O elogio às mulheres, que diz serem criticadas porque os homens «já perceberam que elas vão chegar ao poder, e morrem de medo do que vai acontecer», e o apoio a quem é transexual, ou bissexual também estiveram no discurso de Way. Na plateia, terão sido muitos os que se identificaram com as palavras de incentivo do homem que disse: «Façam da vossa vida a vossa arte».

A versão a solo de Gaerard Way não conquista plateias de milhares como os My Chemical Romance faziam, mas o músico não parece preocupado com isso, mas sim com transmitir a mensagem de orgulho na diferença a cada um dos fãs que que o ouvem. Devagar, o boca a boca vai funcionando. No final, o fato suado, e as vozes cansadas comprovam que o rock está no meio de nós.

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