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Lucas Lucco ao MYWAY: «Nunca quis fazer igualzinho a todo o mundo»
Com apenas dois anos de carreira, Lucas Lucco tornou-se um fenómeno. Com o videoclip de «Mozão», que mostra a luta de uma mulher contra o cancro da mama, tornou-se o mais visto pelos brasileiros no Youtube, e o primeiro álbum, «Tá diferente», foi sucesso. Ao MYWAY, o cantor fala sobre o prazer que tem em criar histórias além da música, conta o segredo para se manter são perante uma fama repentina, e deixa no ar a possibilidade de colaboração com Mickael Carreira.
MYWAY: Foi revelado que o seu vídeo «Mozão» foi dos mais vistos de 2014 no Youtube, no Brasil. Como é que surgiu a história, e qual é a sensação de o ter com tanto sucesso?
Nossa, a sensação é maravilhosa. Eu nunca imaginei que um clipe meu, um clipe de sete minutos e meio, fosse dos mais visualizados no Brasil com 52 milhões de views. Além de tudo, eu acho que o mais bacana, é que não é só um clipe, é uma mensagem. Ele conseguiu fazer aquilo que foi feito para fazer, que é consciencializar as mulheres sobre a importância do auto-exame, e consciencializar também os homens sobre a importância do companheirismo nestes momentos, de ter união. Acho que isso salva mais do que a quimioterapia. Acho que consegui tocar muitos corações, e consegui emocionar muita gente com essa música – foi uma das mais tocadas na rádio do Brasil, graças a Deus – e eu fiquei muito feliz em todos os sentidos, porque além de ter conquistado todos esses números, também aprendi muito com tudo isso, ganhei fãs que estão passando por essas dificuldades, aproximei-me de pessoas muito especiais, tornei-me padrinho de hospitais do cancro, e isso foi maravilhoso para mim. Como ser humano foi lindo, e isso foi a melhor parte do sucesso.
Os meus clipes são tão visualizados, tenho tanta visibilidade na Internet, porque não divulgar alguma coisa que precisa ser divulgada, aproveitar esses números para divulgar algum assunto?
MYWAY: Era um assunto para o qual já estavas sensibilizado antes?
Eu queria fazer algo para as minhas fãs, que são milhares no Brasil. Depois, eu sempre gostei de fazer argumentos de clipes, e chamou-me muito a atenção a quantidade de mulheres…o meu público feminino é muito grande, então eu queria fazer um clipe que tivesse uma mensagem forte por trás. Eu pensei: os meus clipes são tão visualizados, tenho tanta visibilidade na Internet, porque não divulgar alguma coisa que precisa ser divulgada, aproveitar esses números para divulgar algum assunto? Eu pensei logo no cancro da mama, porque infelizmente é uma doença que se tornou popular no mundo inteiro entre as mulheres. Então eu conheci mulheres a partir do hospital do cancro, para conhecer os bastidores dessa doença, como é que é encarar essa doença. Eu quis colocar em cada detalhe, em cada cena, algo com que as pessoas se identificassem, porque hoje em dia é muito fácil encontrar quem tenha um familiar, quem tenha um amigo, quem tenha alguém que passa pelo cancro de mama. Eu quis realmente que as pessoas se identificassem, e acho que foi por isso que teve sucesso, porque as pessoas se identificaram com aquilo. As pessoas que não têm casos na família sensibilizaram-se porque é muito real.
MYWAY: Estávamos a falar dos números que alcançaste este ano, tudo com o primeiro álbum lançado por uma editora. Como é que foi lidar com tudo isso, de repente?
Eu fiz agora dois anos de carreira, é muito pouco. Os maiores artistas do Brasil têm todos sete, dez anos de carreira eu caí de helicóptero assim, no meio de tudo. Para mim não foi assustador, porque a minha família apoia-me muito, e quanto mais as coisas foram crescendo para mim, a minha família foi afunilando mais comigo, a gente foi ficando mais unido, e isso me ajudou muito, não me deixou tirar o pé do chão, não me deixou viajar na maionese, e deu tudo certo, não me assustei tanto. Hoje eu continuo fazendo o que sei fazer, que é fazer música, abastecer o meu público com clipes, que eu também gosto de fazer isso, e lançar trabalhos novos. Acho que um artista sem ideias, sem inovação, sem imaginação, é um artista sem sucesso. O mais bacana de tudo é estar sempre a querer mais, a dar mais para o público, ter ideias diferentes, surpreender sempre, é o mais legal. Eu quero manter-me sempre assim, em vez de pensar no sucesso, de pensar em fama, pensar em fazer alguma coisa diferente.
MYWAY: Interessa-te a ideia de passar as canções para imagem com os videoclipes?
Às vezes eu faço-os juntos, porque quando imaginas uma cena na tua cabeça, isso te inspira a fazer música. As pessoas acham assim: «ah, o compositor usa a vida que leva para fazer música», e eu nunca usei. Pode ser que inconscientemente tenha usado alguma coisinha, mas nunca pensei: «vou escrever sobre aquele dia da minha vida». Sempre imagino uma história na minha cabeça, e escrevo sobre aquilo, e geralmente isso me ajuda muito a fazer clipes. Eu gosto muito disso, gosto de realizar, gosto de escrever, gosto de fazer a música. Acho que isso é bom porque dá identidade para o artista. Assim pessoas não se enganam nunca.
Quando as pessoas se identificam com o trabalho, elas próprias se encarregam de divulgar para você
MYWAY: É mais fácil fazer histórias a partir de temas mais românticos, ou mais pesados?
Não sei, fazer um clipe com o sucesso do «Mozão» é muito difícil. Eu nunca imaginei que o «Mozão» fosse fazer o sucesso que fez. Às vezes a gente pode imaginar o que é que vai tocar o coração das pessoas, mas às vezes não acerta. O «Mozão» deu 9 milhões de views em dois dias, foi uma coisa incrível. Quando as pessoas se identificam com o trabalho, elas próprias se encarregam de divulgar para você. Isso é o mais legal de tudo, é pagar para ver, é fazer um trabalho e ficar a pensar: «será que vai dar certo, será que não vai?», e se não der, faz outro!
Aqui em Portugal, conheci o Mickael Carreira, e já quero gravar uma música com ele também! Gosto muito desse intercâmbio cultural, misturar o ritmo dele com o meu, as ideias dele com as minhas, é isso que diferencia o artista, que dá cor.
MYWAY: O álbum «Tá diferente» conta com muitas participações, porque é que chamaste tantas pessoas para trabalhar contigo?
Eu sempre tive referências musicais muito diferentes, e nunca quis fazer igualzinho a todo o mundo. Eu gosto de ouvir rock n’roll, eu gosto de ouvir funk, gosto de ouvir hip-hop, então sempre quero misturar de tudo um pouco nos meus álbuns. É por isso que eu chamo sempre alguém, tem a Anitta, que é uma artista funk, teve o Fernando Sorocaba, do sertanejo, tem Maluma, que é um artista latino de reggaeton. Aqui em Portugal, conheci o Mickael Carreira, e já quero gravar uma música com ele também! Gosto muito desse intercâmbio cultural, misturar o ritmo dele com o meu, as ideias dele com as minhas, é isso que diferencia o artista, que dá cor.
MYWAY: Qual é o próximo passo para o Lucas Lucco?
Desejo do fundo do coração que 2015 seja igual a 2014, tanto em termos de trabalho como em termos de realizações. Nesse ano de 20145 eu fiz tudo o que imaginava, e o que não imaginava que ia acontecer, e tudo o que eu sonhei ao mesmo tempo. Coisas que eu planeava com o meu pai, por exemplo, aconteceram antes do esperado. Então, não tenho nada que reclamar, estou muito agradecido, muito feliz. Foram dois anos de carreira, mas as coisas começaram a acontecer de verdade, eu consegui começar a atingir os grandes media no Brasil, só há oito meses. Foi exactamente isso, ter entrado tão bem nesse mundo, que me trouxe a Portugal, por exemplo, para divulgar o meu trabalho aqui. É maravilhoso.
MYWAY: Como é que está a correr a estadia em Portugal?
É lindo, né? Eu andei muito pouco, para falar a verdade. Fui à Torre de Belém, já andei aqui perto, fui ao shopping, visitei alguns lugares…é tudo muito bonito, mas o que eu mais gostei mesmo foi da educação das pessoas. A educação aqui é muito diferente, é um pessoal muito educado, muito carinhoso, trata a gente muito bem, hospitaleiro, e conversa muito, como eu, então eu gosto muito.
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