Bombino no B.Leza: a música e o mundo de mãos dadas

As 21 badaladas da última sexta-feira bateram muito rápido. O trânsito intensificava-se à medida que as horas cresciam em direcção à noite, e as filas faziam-se também fora da estrada. À porta do B.Leza, a espera prolongava-se para aqueles que queriam ver – e escrever – sobre Bombino.

Inicialmente agendado para quinta-feira, o concerto acabou por acontecer no dia seguinte. Enquanto a sua banda se andava já a ambientar por Lisboa, o músico perdia o seu lugar num dos voos que o iriam trazer a tempo à capital. Por isso, nesta actuação não houve tempo para atrasos.

Bombino é do Niger, mas o mundo é a sua casa. Membro dos tuaregues, povo nómada do Norte de África que luta contra o colonialismo e a lei islâmica estrita, encontrou na guitarra a sua forma de expressão. E nós encontramos nele a melhor fusão entre o rock blues e a world music.

Depois do concerto que deu em Maio deste ano no Largo do Intendente, o músico regressou a Portugal para mais um concerto. Desta vez, a entrada não era gratuita e a lotação não estava esgotada, mas o B.Leza compôs-se para receber as vibrações mais alegres e contagiantes da sua música. Da primeira fila até à última, os corpos mexiam-se sem vergonhas, e Bombino sorria satisfeito de guitarra em punho. Naquela sala quente de danças ecoaram temas mais e menos conhecidos, com destaque para os do seu último álbum, «Nomad», cuja produção ficou a cargo de Dan Auerbach, dos Black Keys. «Imuhar» ou «Amidine» serviram de elixir para os que ali se encontravam na música.

Bombino já não e o «bambino» que em tempos aprendeu com outro conhecido guitarrista tuareg e com as memórias de Jimi Hendrix. Na sua essência, Bombino é agora um guitarrista feliz e um homem genuíno com uma musicalidade única.

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