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Leonard Cohen em Lisboa: Lição de classe em dois actos

Leonard Cohen

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Leonard Cohen em Lisboa: Lição de classe em dois actos

Leonard Cohen tem 78 anos e deu esta noite um concerto de três horas e meia (com mais meia de intervalo) em Lisboa, perante um Pavilhão Atlântico muito bem composto. Os números impressionam, mas esta noite, não foram eles que estiveram em palco, só a classe de um homem que carrega histórias intemporais.

No concerto não vimos o Leonard «lazy bastard» que o próprio escreve no belíssimo «Going Home», do novo «Old Ideas», mas sim um cavalheiro educado, de fato e chapéu preto, que cumprimenta os «amigos» que o vieram ver, apresenta membros da equipa um a um, enquanto a sua voz, aquela voz, abraça um Pavilhão Atlântico com clássicos como «Bird On The Wire», ou dá a provar a mesma escuridão que tomou em «Darkness», também do novo trabalho, para mais tarde apontar à luz em«Anthem».

Em palco, Leonard está bem acompanhado, para além de um órgão e bateria, traz uma banda de cordas que ganha protagonismo em temas como o quase cigano «Who By Fire», e a sua companheira de composição de muitos anos, Sharon Robinson, que se juntou às «Web Sisters» nos coros e são elas que embalam o brilhante «Sisters Of Mercy», em regresso a 1967, para o álbum «SongsOf Leonard Cohen». São também as «Web Sisters» que já na segunda parte do concerto vão cantar de forma brilhante «Gypsy’s Wife», enquanto Robinson arrancou uma merecida ovação com «Alexandra Leaving».

As músicas foram seguindo sem pausas, sem  que o músico recuperasse o fôlego, enquanto do lado do público, o impacto emotivo se ia tornando mais difícil de processar, e quando ainda se repetia «And That’s no way to say goodbye», já o balanço do muito celebrado «Amen» se ia fazendo ouvir.

Ao longo do concerto, Cohen vai-se ajoelhando várias vezes,como quem sente o peso das vidas que carrega em cada uma das canções e se em«Come Healing», canção a soar a cântico religioso se eleva ao patamar dos Deuses, no poderoso «Waiting For a Miracle», não podia ser mais humano.

«Tower Of Song» marca o regresso do músico ao palco, em passo de corrida, depois de o ter deixado aos saltinhos em «Anthem». Cohenagradece que não tenhamos ido para casa, enquanto o público agradece que ele não queira sair da torre da música. Depois de «Alexandra Leaving», Cohen avança com «I’m your man», um dos mais emblemáticos temas do músico e poeta e que levantou uma das maiores ovações da noite até à altura. «Hallelujah», logo de seguida,voltou a provar que um grande hino resiste à erosão do tempo e das versões que lhe possam fazer. O arrepio esteve lá e o público que estava sentado na plateia começou a levantar-se para ver Cohen mais de perto. Começaram tímidos, mas a tentação de chegar mais à frente tornou-se irresistível com «Take This Waltz»,outro dos clássicos mais emblemáticos de Cohen. O músico foi acompanhado na dança até ao encore, que trouxe «So Long, Marianne», cantado em uníssono.

«First We Take Manhattan, then we take Berlin» foi acompanhado com palmas por um público que já tinha mandado rosas para o palco e «Famous Blue Rain Coat» é recebido em apoteose. «Closing Time» é dançado em formato de aviso que a hora do final chegava e muitos foram os que acharam que o mestre ficaria por ali. Não ficou, regressou para o charme de «I Tried ToLeave You» e deixou a melhor dança para o fim, com «Save The Last Dance For Me». Os pés do lado de cá do palco acompanharam-no e Cohen deixou de sorriso no rosto os «amigos» que o foram ver.

No final, num último acto de cavalheirismo, o senhor Cohen deseja que «vivam sempre com a vossa família e amigos. Se esta não for avossa vida, que as bênçãos encontrem a vossa solidão». Primeiro, ele conquistou Manhattan e Berlim. Esta noite voltou a conquistar Lisboa. Volte sempre, Senhor Cohen.


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