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The Script no Campo Pequeno: Como da primeira vez
Faz este mês dois anos que os The Script terminavam uma digressão em Lisboa. Dois anos e alguns sucessos depois, a história repetiu-se e a banda subiu ao palco de um Campo Pequeno esgotado. Em entrevista ao MYWAY antes do concerto, a banda dizia que é como se fosse já parte do destino terminar digressões no nosso país. Depois de duas horas de concerto com público e banda rendidos uns aos outros, brindes com Super Bock e um telefonema para um ex-namorado de uma fã, não é preciso ser vidente para adivinhar que o regresso se fará em breve.
Antes de começar o concerto dos The Script, a primeira parte esteve a cargo dos seus conterrâneos irlandeses, os Original Rudeboys. A banda foi recebida com muito entusiasmo por uma multidão euforia. Com um som que podemos definir como uma mistura entre os próprios The Script e os Linkin Park, a banda foi fazendo desfilar canções «feel-good», como «Blue Eyes», que assegura a beleza a alguém que nem sempre está certa dela, ou «Bringing Me Down», sobre o «racismo, o bullying e essas coisas más que nem sempre são faladas». Durante a meia-hora de actuação, os Original Rudeboys trouxeram soft-rock com hip-hop e um toquezinho de folk que o som do cavaquinho inevitavelmente traz. Essa confluência de sons esteve particularmente presente em temas como «Written Songs (Feeling Good)», mash-up com o tema de Snoop Dogg e Wiz Khalifa, «Feeling Good». No final, pede-se o brinde com cerveja nacional aos The Script e que o público levante telemóveis ou outras luzes para «Stars In My Eyes». O efeito é bonito e a banda sai feliz.
No intervalo entre a primeira parte e o concerto dos The Script, o entusiasmo da multidão é evidente com a reacção à mais pequena movimentação em palco. A loucura instalou-se quando se baixaram as luzes e a entrada da banda com «Good Ol’ Days» fez-se em apoteose. O vocalista Danny O’Donoghue desce ao público e a reacção propaga-se até às bancadas.
A multidão continuou ensurdecedora por «We Cry», com o vocalista a passar o microfone ao público, que respondeu cantando mais emocionado do que afinado, ou «Break Even», cantada de cor a partir da primeira frase. Depois de «Science And Faith» puxarem à emoção, a banda diz que esta noite é a última e bem capaz de ser a melhor de todas. A frase «Vocês não querem saber disto, mas nós tocámos em Madrid ontem à noite e vocês arrasaram em relação a eles» provocou a reacção de absoluta loucura que se espera quando é feita uma comparação elogiosa em relação ao país vizinho.
Foi assim durante todo o concerto, elogios a um público dedicado e conhecedor de todas as canções, dos The Script. Temas que tocam a todos, rock redondinho, condimentado com pedaços de rap e refrãos a pedir braços no ar e vozes ao alto são algumas das explicações para o sucesso da banda. «If You Could See Me Now», tema do novo álbum composto por Danny O’Donoghue a pensar nos pais falecidos, enquanto «Nothing» fala sobre o momento em que alguém bebe demais e liga para o ex-namorado. A canção leva a um dos melhores momentos da noite, quando a banda pede a alguém na primeira fila que ligue para o ex-namorado. Depois de uma pequena confusão gerada pelo facto de O’Donoghue não entender o português dos telemóveis, alguém terá atendido do outro lado, enquanto o vocalista disse: «tenho aqui umas pessoas para te dizer olá», antes de lhe dedicar a música.
Ao longo do concerto, a banda coloca-se à vontade, faz questão de provar que «é cá da malta» e o vocalista bebe uma cerveja de penalty, antes de lançar um arroto para o microfone. De sorriso em sorriso, o guitarrista Mark Sheehan jura que somos o público «mais bonito de sempre, será do sol?». A resposta não é certa, mas o Campo Pequeno acredita que o elogio é sincero.
«The Man Who Can’t Be Moved» é provavelmente o maior sucesso dos The Script e trouxe um dos melhores momentos do concerto. O’Donoghue apresenta-a como «a música que nos mudou as vidas, que nos deu tecto e roupa» e pede para que o acompanhem a cantar, antes de arrancar com o tema a capella. O vocalista foi logo seguido por toda a plateia, que não falhou ritmos nem letra e cantou, emocionada, até ao final do tema. Um coro assim parece impressionar a banda mais experiente e o guitarrista confessa que será difícil ultrapassar aquele momento durante o concerto.
O hino à fortaleza das amizades que é «For The First Time» fecha o concerto e deixa o público a cantar os seus «uhuhs» até ao regresso para encore, que se fez…pelo meio da plateia. Sem que ninguém o antecipasse, O’Donoghue surge atrás da mesa de som e desce pelo meio do público, gerando um pequeno motim, até regressar ao palco. «Hall Of Fame», colaboração da banda com Will.i.Am que lhes garantiu recentemente o primeiro lugar nas tabelas de vendas do Reino Unido e que fez voltar a disparar o sucesso da banda, fecha o concerto com a apoteose com que este começou.
A carreira dos The Script nunca explodiu. Cresce equilibrada, de sucesso em sucesso e ao longo do concerto apercebemo-nos da quantidade de temas da banda que nos são familiares, como uma banda que está sempre por perto. Estão de pé no «Hall of Fame», pois.