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Rodrigo Leão no Misty Fest: Tango para um país
Rodrigo Leão subiu esta quarta-feira ao palco do Grande Auditório do CCB pela segunda vez, depois de na passada sexta-feira ter esgotado a mesma sala. Em palco o mote era o lançamento do CD/DVD «O espírito de um país», resultado de um espectáculo dado pelo músico na Assembleia da República, como celebração dos 40 anos do 25 de Abril de 1974. Os companheiros de viagem? Um quarteto de cordas, Celina da Piedade no acordeão, e no metalofone, e Camané como convidado especial, foram companheiros de uma viagem entre a angústia e a luz das canções.
Parece-nos sempre magia que as canções de Rodrigo Leão não falhem nunca em fazer com que quem as ouve sinta a vida toda à flor da pele. Entre os gritos das cordas sobre a delicadeza das teclas, viajamos entre a angústia e a luz, com mais ou menos percalços, e dançamos tangos sobre a tristeza. «As Ilhas dos Açores», dos Madredeus, abre o concerto no tom cinematográfico que é característico, antes de da dança imaginada de «Tardes de Bolonha», ou «Tango dos Malandros».
Se o tango esteve sempre presente, o fado chegou por uma das suas melhores vozes, a de Camané. O músico chegou para interpretar «Vida Tão Estranha», original do álbum «Mãe», «Voltar», «Histórias», com poema de Ruy Belo declamado pelo cantor, e a nova «Restos de vida», a terminar a participação de Camané com a glória da beleza triste.
Recuperado o fôlego, volta-se aos instrumentos a tomarem o lugar das palavras, e «O espírito de um país» surge em toada triunfal, e orquestral, como qualquer pessoa de qualquer país sonha que este soe. Celina da Piedade ainda emprestou a voz aos temas dos Madredeus «Guitarra» e «Alfama», e ouvimos o espírito deste país a passar também por aqui. No final, houve tempo para «Alma Mater», e para Camané repetir a grandiosidade de «Restos de Vida». Bons espíritos.